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Enviada em: 26/10/2017

Assolados pela constante insegurança e baixa eficiência dos órgãos responsáveis pela segurança pública, muitos brasileiros apelam para a justiça com as próprias mãos, atitude que nos remete aos primórdios humanos, onde era aplicada a lei de talião, resumida pela frase "olho por olho e dente por dente", que consistia na reciprocidade do crime e da pena. Porém, ao invés de solucionar os problemas de criminalidade da região, essa atitude apenas intensifica a violência.  Indivíduos que praticam a justiça com as próprias mãos, geralmente são movidos pelo desejo de vingança diante da impotência e insegurança em que vivem, aliadas à sensação de impunidade, à presença precária do Estado e à falta de jurisprudência adequada. Isso ocorre principalmente em bairros de periferia, onde determinados crimes, como assaltos, são frequentes e a ação do governo em relação à segurança é falha.   Os linchamentos trazem uma ideia errônea de justiça, já que o contexto social não é visto como origem da violência urbana, acredita-se que, executar o criminoso é a solução para os problemas de segurança da região. Além disso, os atos de justiçamento são muito perigosos, porque na maioria das vezes partem de suposições e vitimizam pessoas inocentes, como foi o caso da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, ocorrido em 2014 no município de Guarujá (SP), em que foi acusada de praticar magia negra com crianças e linchada por dezenas de pessoas, sendo condenada à morte injustamente pela população.    O governo deve se aliar às mídias e realizar campanhas para conscientização da população sobre os perigos da justiça com as próprias mãos, para que haja uma mudança de mentalidade a respeito do que muitos entendem como justiça, a fim de fazer valer o  preceito de que apenas o Estado tem o direito de julgar e condenar alguém por um crime, mantendo o seu direito de defesa, já que o Brasil é um país democrático de direito. Além disso, a população deve reconhecer que mesmo descumprindo a lei todos devem ser respeitados como seres humanos.