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Enviada em: 29/10/2017

Max Weber, sociólogo alemão, propõe que, para haver equilíbrio social, deve caber ao Estado o monopólio da violência. Tal visão dialoga diretamente com a questão endêmica dos casos de justiça com as próprias mãos dentro do Brasil. Desse modo, em virtude da falta de representatividade legal e aspectos culturais, percebe-se no país entraves estruturais que precisam ser repensados.     Primeiramente, deve-se pontuar a descrença, por parte da maioria da população, à eficiência das instituições públicas de segurança. Nesse sentido, o conceito proposto por Weber é distorcido quando, em larga escala, tanto a apuração de crimes, quanto a infraestrutura policial não conseguem se impor frente a violência urbana, desarticulando, por vezes, a proteção prevista por lei ao cidadão. Dessa forma, esse cenário é, muitas vezes, não só oportuno ao surgimento de relações paralelas de poder- exemplo do tráfico e da milícia-, mas também para iniciativa de parcelas da sociedade intitularem-se "vozes" da justiça, convergindo para casos de linchamentos públicos, atuação de justiceiros e acentuação da instabilidade social.      Ademais, é preciso ressaltar os aspectos culturais desse tipo de conduta. Sergio Buarque, historiador e escritor, define o brasileiro enquanto "cordial", aja vista sua passionalidade dentro das relações sociais. Nessa perspectiva, essa característica é evidenciada, justamente, pelos casos de justiça extraoficial, já que a inconsequência é, muitas vezes, fator preponderante para realização desses atos. Dessa maneira, a raiva e o sentimento de vingança, por vezes, sobrepõe-se a racionalidade e direito a um julgamento justo. De fato, todo criminoso deve pagar por seus desvios, entretanto, ações tais quais tortura e espancamento só contribuem para perpetuar a violência, ao invés de detê-la .    A nação, portanto, vive um quadro crítico que precisa ser revertido. Logo, é essencial que o Ministério da Educação, junto a redes sociais, como "Facebook" e "Twitter", promova campanhas de esclarecimento em vídeo. Tal ação pode ser feita por meio de ficções engajadas, exposição de ideias e opiniões, com especialistas, e depoimento de vítimas e autores desse tipo de conduta. Desse modo, no intuito de desconstruir as motivações que sustenta a ocorrência desses casos dentro do meio social, garantir o cumprimento do código civil e ratificar a diferença primordial entre os conceitos de justiça e vingança.