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Enviada em: 01/11/2017

Em HQs, filmes e séries é comum acompanhar a luta entre o vilão e o mocinho, que, sozinho, combate toda a violência do seu bairro ou cidade. Essa cena vem se mostrando cada vez mais realista e atual: cidadãos, com senso de justiça, cansados da impotência e insatisfeitos com a segurança pública, tendem a romper as leis para fazer cumprir suas próprias leis, utilizando a violência como vetor. Isso culmina num ambiente inseguro para todos.        O descontentamento acompanhado da insegurança gera cidadãos cada vez mais voláteis. Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman: “Liberdade sem segurança é um completo caos”. Isso reflete na população atual em geral, pois, devido à falta de policiamento nas ruas e assaltos cada vez mais próximos à vida pessoal, os cidadãos ficam mais insatisfeitos e abertos a opiniões que incitam a mobilização. Porém as formas e medidas utilizadas geram mais violência, pois tendem a realizar ações mais radicais e ativas que passivas, buscando se livrar da sensação de impotência.              Ademais, o caráter relativo atribuído à justiça por cada cidadão dá a eles a razão que precisam para fazerem o que acham justo. O termo “cidadão de bem” é usado com frequência, porém, já afirmava Thomas Hobbes que o homem é o lobo do próprio homem. Isso mostra que cada ser humano tem a capacidade de fazer coisas que acha improvável. Ao unir isso à incapacidade do indivíduo comum de realizar um correto julgamento, tem-se que ações violentas podem vir a ser usadas contra qualquer outro cidadão que não seja classificado como “de bem”.       Portanto, é correto afirmar que a propagação de atos violentos pelas próprias mãos não é uma alternativa saudável a ser aderida. Para atenuação do sentimento de impotência e insegurança, cabe ao poder Judiciário reforçar o policiamento nas ruas e a mídia noticiar todas as ações que estão sendo tomadas para uma maior segurança pública. Ademais, as escolas devem instruir os cidadãos a aderirem a empatia e o diálogo ao invés da violência como uma forma de solucionar os problemas. Assim, cada cidadão poderá, da forma correta, tornar-se o mocinho de sua própria história.