Segundo o sociólogo francês Émile Durkheim, somos uma sociedade orgânica, formada por diferentes funções, na qual cada uma se completa. Contudo, quando uma parte desse corpo biológico se torna ausente, outras porções buscam supri-las. De maneira análoga, temos a prática da justiça com as próprias mãos no Brasil, a qual é incitada pela negligência do Governo. Além disso, a questão cultural e os discursos de ódio também corroboram para esse cenário. De acordo com o filósofo Thomas Hobbes, cabe ao Governo manter a ordem e assegurar o bem-estar social dos indivíduos. Contudo, essa função não é eficiente no Brasil. Essa conjuntura é endossada por uma política do Estado de morosidade e impunidade nos julgamentos dos crimes, que é vista com ineficiente e conivente pela população. Destarte, desperta o sentimento de autoridade nas pessoas, as quais buscam através das próprias mãos com atos de de linchamentos fazer o que julgam por justiça. Nessa perspectiva, perpetua-se a visão alarmante, bem como na série internacional Luke Cage, a ideia de que é preciso alguém da multidão agir para promover a justiça, posto que o Estado não é efetivo. Outrossim, tem-se a banalização dos discursos de ódio e a esfera cultural. Com a facilidade advinda com as redes sociais, pois atinge além da fronteira local, os usuários utilizam desse meio para expor a indignação e propor ações violentas e repressivas em grupo. Prova disso, foi o caso da dona de casa Fabiane Maria, a qual foi espancada desrespeitosamente por moradores mediante a um boato de ódio incitado por uma página em rede social. Ademais, segundo Kant, o ser humano é aquilo que a educação faz dele, logo, a deficiência no ensinamento escolar nas áreas de humanas deixa resquícios culturais em comportamentos agressivos e sem embasamentos, que induz as pessoas que não há uma formação concreta e ausência do princípio da justiça, a realizar atrocidades como prática da ações punitivas com as próprias mãos. Sendo assim, medidas são necessárias a fim de que a justiça seja praticada por quem é responsável por ela. Em primeiro lugar, urge que o Governo juntamente com Poder Judiciário e Legislativo sejam mais eficaz na função de punição, com penas mais longas para os crimes hediondos e fiscalização no cumprimentos da mesma para que as vítimas e a sociedade não se sintam injustiçados. É função da Escola, instituição principal formadora de opinião, abordar nas aulas de sociologias e histórias ensinarem o ideal de justiça com discussão para esclarecimento do tema a partir de debates com os alunos para que tenha uma formação sólida. Por fim, o Senado deve endurecer a pena para a prática de justiça com as próprias mãos, com detenção de 2 a 3 anos.