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Enviada em: 11/02/2018

Livres para escolher e prisioneiros das consequências   Antes das civilizações possuírem suas constituições e leis, muitos povos tinham códigos de conduta baseados no princípio da justiça do “olho por olho, dente por dente”, criado na Mesopotâmia. Aquelas vítimas de roubos, faláceas e serviços mal prestados possuíam o direito de revidar,as vezes de igual forma, a fim de se sentirem menos prejudicadas pelos que praticaram os malfeitos. Tentar solucionar, entretanto, nos dias de hoje com as próprias mãos é retroceder de forma desastrosa.   Em primeiro plano, muitos são os casos noticiados de pessoas que acabaram por imitar os primitivos, vingando a morte de um ente querido assassinando o homicida, saqueando aqueles que lhes roubaram ou mesmo tirando a vida do cônjuge que estava sendo infiel. Atitudes como essas apenas disseminam mais violência e tristeza.   O imediatismo e a incredulidade na justiça do país são alguns dos motivos que encorajam cidadãos a cometerem atos ditos ''de justiça'', talvez por parecerem a melhor saída. Atos avulsos são atos de vingança e, na verdade, ferem a lei. Contra qualquer malfeito sofrido, o cidadão pode ingressar no Judiciário com uma ação ou mesmo promover ou aceitar uma conciliação, que nada mais é que um acordo, disponível nos Tribunais, para que a tramitação ocorra de forma menos morosa e burocrática.   Parafraseando Pablo Neruda, há liberdade de escolha, mas se é prisioneiro das suas consequências. Tomando como norte a máxima do autor, é necessário confiar na Lei e não se fazer justiça própria, pois as penalidades serão duras e a sociedade apenas retrocede. Urge, portanto, que o Governo encoraje, através de propagandas televisivas e campanhas nacionais, promovidas pelos Tribunais Superiores, a população a propor e a aceitar a conciliação como uma forma de justiça válida, rápida e eficaz, sendo, desta forma, a sociedade civilizada que devemos.