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Enviada em: 12/02/2018

Michel Foucalt, em sua obra, "Vigiar e Punir", diz que a lei deve ser mais do que apenas punitiva, a fim de educar quem cometeu a infração. No entanto, a negligência da justiça pelo Estado, juntamente com a naturalização da violência presente nas leis meramente punitivas, tem criado um imaginário violento na população, a qual se auto intitula própria para agir com crueldade frente a qualquer infrator. Com isso, infelizmente, cria-se um vínculo infinito de cada vez mais violência em nosso meio social, mascarada pela prática de "justiça" com as próprias mãos.     É importante pontuar, de início, como o sentimento de abandono pela justiça do Estado pode aumentar cada vez mais a violência no Brasil. Embora Rousseau tenha influenciado muitas pessoas co sua tese do "bom selvagem", a teoria Hobbesiana sobre o Estado de Natureza é mais aceito em nossa atual conjuntura. Vigora, portanto, desde o Iluminismo, a ideia de que a humanidade deve estar sujeita a um Estado que a contenha da autodestruição. Porém, atualmente convivemos com uma pratica sem o apoio do Estado, a ''justiça'' com as próprias mãos, em que a decisão da pena do infrator é tomada entendendo as circunstancias pessoais de quem pratica o ato de ''justiça''. Algo contraditório, pois a verdadeira justiça é ''cega'' para tal contexto.       Além disso, outro problema vigente, presente no imaginário simbólico da população é a banalização da violência. Essa naturalização veio decorrente de nossas leis puramente punitivas, mostrando que essa é a única forma de combater o crime no Brasil. Por isso a forma com que a população pratica ''justiça'' com as próprias mãos é estritamente violenta, ameaçando vidas de muitos jovens que podiam ter uma vida fora dos crimes. Ademais, o comportamento violento pode ameaçar também vidas inocentes que podem ser confundidas com infratores, devido a escassa ''justiça'' que não tem investigação e julgamento, em que a única resolução permanente e o lixamento e até a morte de quaisquer suspeito.          Em suma, é possível perceber que essa máscara utilizada em nome da população com título de justiça é um reflexo da má estruturação para combater crimes no Brasil. Dessa forma, atendendo a sua própria função, o Ministério da Justiça deve estar mais presente nos crimes brasileiros, atuando fortemente nas ruas e em centros com alto índice criminalidade, além de realizar palestras com intuito de mostrar como a verdadeira justiça deve funcionar, a fim de minimizar os anseios sociais em ter que combater os crimes sem a ajuda do Estado. Além disso, é necessário mudar fortemente o conceito de nossas leis, assim, o poder legislativo deve alterar a função para além de vigiar e punir, partindo da forma de atuação do sistema carcerário de forma a torna-lo mais educativo e pronto para devolver cidadãos dignos para nossa sociedade,a fim de parar de naturalizar a violência.Afinal, violência não se combarte comviol~encia.