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Enviada em: 30/01/2018

Tatuagem social       "Eu sou ladrão e vacilão". A frase tatuada na testa do jovem de 17 anos, acusado de roubar uma bicicleta, levantou debates em torno de uma lastimável prática comum: o exercício de promover a justiça pelo viés pessoal. No que se refere a essa problemática ao longo dos tempos, a sociedade brasileira ainda enfrenta questões mal resolvidas. Se por um lado a falência e a morosidade nos julgamentos promovem descrédito das instituições públicas, por outro, a aplicabilidade da lei de Talião é nociva e promove a barbárie. Nesse sentido, é crucial avaliarmos alguns aspectos para combater esse mal.        Em primeiro plano, é papel do Estado garantir a segurança do cidadão e da sociedade. Ao assumir-se um contrato social Hobbesiano no qual, na pré-sociedade, o homem se apresenta como sendo lobo do próprio homem, esses criam o Estado para que, então, haja garantia da segurança do indivíduo e a retração do caos social. Logo, uma vez que as instituições públicas não conseguem controlar os indivíduos da maneira devida, estes, lamentavelmente, assumem o papel. Assim, é crucial que essas entidades passem a segurança devida ao tecido social para que, então, não haja a necessidade do corpo social serem parciais em seus atos ao tentarem equilibrar a balança da justiça de forma aleatória e irresponsável.        Entretanto, um grande problema consequente é que o “olho por olho, dente por dente” só demonstra a imparcialidade e a limitação da sociedade em propor soluções com as próprias mãos. Pois, tatuar testas, pendurar pessoas em postes, agredí-las ou matá-las sem provas e investigações adequadas, não soluciona o problema da segurança, ao contrário: ciclos de violência só levam a problemas ainda maiores.        Fica evidente que é necessário, portanto, um esforço conjuntural em relação a aplicabilidade indevida da justiça com as próprias mãos. A mídia juntamente com as universidades devem divulgar e levantar debates em torno do assunto dentro de todos os veículos de informações possíveis. Criando vídeos e cartazes que, principalmente, ensinem a sociedade a fazer denúncias caso problemas como estes ocorram, com o intuito de influenciar e gerar discussões mais abertas em ambientes diversos. Além de divulgar dados de pessoas que assumem este papel, para que o Judiciário possa valer as leis previstas pelos Direitos Humanos. Embora todo esforço seja conjuntural, é necessário dar o primeiro passo para que a sociedade não fique marcada pelas tatuagens da injustiça.