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Enviada em: 25/08/2019

O Instituto Reuters, em uma pesquisa realizada em 36 países, afirma que 60% dos brasileiros confiam nas notícias veiculadas pelas empresas de comunicação - dado que indica um relacionamento salutar entre imprensa e espectador. Entretanto, a presença do sensacionalismo no jornalismo brasileiro, prática que consiste na distorção de fatos com o objetivo de atingir maior audiência, compromete a credibilidade dos organismos midiáticos nacionais. Nesse sentido, o desejo de se obter lucro e a ineficácia do Estado contribuem para intensificar a problemática.        Em primeiro plano, é fulcral analisar que, para os pensadores da Escola de Frankfurt, a imprensa - como parte integrante da indústria cultural - visa a produção de conteúdo a partir do gosto do público, tornando-o homogêneo e facilmente atingível. Sob essa ótica, torna-se explícito sua atuação como uma empresa capitalista, que não possui como norte o interesse público, mas sim o seu próprio, já que ela abdica de reproduzir fielmente a realidade para transmitir uma informação hiperbólica, que atenda as preferências das massas. Por conseguinte, o ambiente midiático converte-se em um local pouco democrático, refletindo as relações egoístas existentes na sociedade contemporânea.        Além disso, a ineficácia estatal em conter os abusos cometidos por corporações do setor fortalecem a grave situação atual. Acerca disso, faz-se pertinente trazer o discurso do sociólogo Simon Schwartzman, que afirma que o Estado Brasileiro é ineficiente e corrupto porque existe profunda confusão entre a esfera pública e o setor privado - fenômeno denominado como ''Patrimonialismo''. Com base nisso, é perceptível que a relação promíscua entre as grandes emissoras e órgãos governamentais impedem a melhoria do serviço prestado pela imprensa, uma vez que essa, por manter contatos com agentes federais, impedem a efetiva fiscalização de seus atos.               Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Assim, cabe ao Congresso Nacional formular leis que impeçam a prática do sensacionalismo, por meio da aplicação de multas severas a aqueles que a descumpram, a fim de acabar com essa antieticidade presente no meio midiático. Ademais, assiste ao Ministério da Educação promover, nos cursos de jornalismo, palestras e discussões sobre métodos moralmente aceitáveis de divulgação de notícias, com o fito de formar profissionais que respeitarão os códigos de conduta vigentes. Somente assim, a imprensa brasileira manterá seu relacionamento salutar que possui com a população.