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Enviada em: 28/07/2018

Desde o Iluminismo, entende-se que uma sociedade só progride quando um se mobiliza pelo problema do outro. Porém, quando se observa a  discriminação na adoção de crianças e adolescentes no Brasil contemporâneo, verifica-se que esse ideal Iluminista é constatado apenas na teoria, não na prática, e a problemática persiste intrinsecamente ligada à realidade do país.    Diante disso, dois fatores de extrema importância que corroboram para a persistência do problema devem ser analisados: A discriminação pelos adotantes na adoção e o crime das famílias biológicas  ao abandonarem seus filhos especias.   Segundo pesquisas, entre 32.342 adotantes cadastrados, 9.094 só aceitam crianças brancas e 10.137 tem preferência pelo sexo feminino. Visto isso, pode-se afirmar que, independente das escolhas de cada adotante, restringir as opções na adoção à um tipo de raça, gênero, etnia ou deficiência, é um modo deplorável de discriminação. Indubitavelmente, esses dados estão conectados aos preconceitos enraizados na sociedade brasileira ao longo do tempo, pois como afirmava Maquiavel : "Os preconceitos têm raízes mais profundas que os princípios".    O descaso da família biológica se manifesta de forma análogo, pois dentre 5.604 crianças órfãos, há 1.267 crianças com problemas de saúde, uma quantidade fora de proporção para a saúde infantil no Brasil. Dessa forma, contrariando o art. 19 do estatuto da criança (a qual menciona que a família de origem tem a obrigação de cuidar do menor de idade), muitas famílias abandonam seus filhos por serem especiais. Além de infringir a lei, isso é uma forma horrível de preconceito e discriminação. Desse modo, medidas são necessárias para resolver o impasse.    Diante dos argumentos supracitados, o Estado deve promover campanhas e propagandas sobre a diversidade cultural e as famílias heterogêneas no Brasil, visando a conscientizar, principalmente do público adotante, aumentando a inclusão social e atenuando os efeitos da discriminação. Ademais, deve aumentar a investigação da família de origem dos órfãos, evitando que injustiças com crianças e adolescentes especias sejam cometidas. Garantindo dessa forma a maior igualdade social na adoção de crianças e adolescentes no Brasil.