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Enviada em: 27/07/2018

Toda criança e adolescente merece ser adotada  Dos 32343 pretendentes cadastrados para adoção no Brasil, 9094 só aceitam crianças brancas, 10137 têm preferência pelo sexo feminino. Já das 5604 crianças para adoção, 1267 apresentam problemas de saúde. Esses dados evidenciam três problemáticas presentes no Brasil, o racismo, a questão de gênero e a exclusão de deficientes, questões que acabam sendo refletidas no processo de adoção de crianças e adolescentes no país. Sabendo da existência desse preconceito dentro do sistema, é imprescindível a busca por soluções, para que esses jovens não fiquem sem família.   Na icônica pintura do final do século XIX, "A Redenção de Cam", há a representação de três gerações de uma mesma família: um bebê branco, uma mãe parda e uma avó negra, feliz por seu neto ser branco. Essa obra dialoga com a ideologia do embranquecimento da raça, na qual pregava-se que uma sociedade só poderia prosperar tendo uma população majoritariamente ou totalmente branca. Tal ideia racista persiste até hoje na mentalidade de muitos brasileiros, e a prova disso é a preferência por crianças brancas no lugar das negras no sistema de adoção. Assim, nota-se que a marginalização dos negros inicia-se muito cedo, desde o momento que eles não são escolhidos pelos pretendentes pais adotivos.  Além disso, os dados iniciais apontam para a exclusão de crianças e jovens do sexo masculino e dos deficientes. Segundo a escritora Chimamanda Adichie, o perigo da história única é quando retrata-se exaustivamente um grupo social sob apenas um aspecto, causando a estereotipização do mesmo. Exemplos de histórias únicas são os meninos, sempre mostrados como crianças arteiras e má comportadas, e os deficientes, vistos como impossíveis de cuidar, portanto, ambos seriam um transtorno para os pais. Essas ideias geram consequências concretas no processo de adoção, uma vez que crianças do sexo masculino são menos preferidas pelos pais pretendentes, e as com problemas de saúde representam uma grande parcela dos jovens colocados na adoção.   Levando em conta os aspectos mencionados, entende-se que é necessário desconstruir tais mentalidades excludentes. Uma solução viável seria o Estado criar uma campanha denominada "Toda criança e adolescente merece ser adotada", na qual funcionários especializados dos centros de adoção, por meio de conversas com os pretendentes pais, procurariam desmistificar a ideia errônea de que é difícil ou pior criar crianças negras, meninos ou com problemas de saúde, finalizando incentivar mais pais quererem filhos de tais grupos. Dessa maneira, será possível acabar com os preconceitos de raça, de gênero e contra deficientes dentro do sistema de adoção no Brasil.