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Enviada em: 05/09/2018

O filme ''Meu Malvado Favorito'' traz como uma das temáticas o processo de aproximação de uma família a crianças para a adoção, no qual perpassam por bons momentos antes da inclusão delas no ambiente familiar. No entanto, diferente da animação, a realidade brasileira apresenta desafios quando se trata da inserção na sociedade das crianças e adolescentes desprovidas de núcleo familiar. Entre as causas, estão a burocracia no processo e a idealização do filho contribuem para que as instituições de abrigo de menores continuem superlotadas.        Nesse contexto, a demora excessiva na avaliação da justiça brasileira na destituição dos menores de idade das suas respectivas famílias impede a entrada para o sistema de adoção. Tal fato é evidente quando comparado o número de crianças disponíveis ao de pessoas a procura do apadrinhamento, sendo esse o maior. Isso ocorre devido à burocracia para retirada da guarda da família biológica, uma vez que há tentativas de reinserir aquele indivíduo, mesmo que o ambiente seja hostil e propenso à violência, prolongando o processo de introdução na lista de apadrinhamento. Por isso, os menores ficam cada vez mais afastados dos perfis procurados pelos tutores disponíveis, privando-os da participação de um núcleo familiar.       Ademais, a busca pelo filho perfeito impacta de forma significativa no andamento da adoção. As fichas de cadastramento possibilitam a objetificação das crianças e adolescentes pelas famílias ao conceder o poder de escolha de características físicas, biológicas e étnicas e não apenas a personalidade compatível com o casal, gerando um ambiente de restrição. Sendo assim, esse procedimento pode ser comparado à teoria de Karl Marx, segundo o qual o ser humano coisifica as relações, uma prática comum no mercado, uma vez que se seleciona crianças de acordo com as vontades das famílias - em sua maioria recém nascidos e brancos - assim como se vai a uma loja escolher um determinado produto. Dessa forma, jovens e portadores de necessidades especiais costumam ser privados da inserção social.        Nessa perspectiva, o processo demorado e a idealização dos filhos adotivos pelas famílias adotantes são um entrave para a integração social plena. Portanto, o Estado deve diminuir a burocracia, por meio de leis que determinem o tempo máximo de manifestação de parentes biológicos interessados na guarda, com o objetivo de facilitar o encaminhamento da criança a um núcleo familiar. Outrossim, os orfanatos devem fomentar a adoção de outros perfis além dos descritos pelo casal, por meio de palestras com profissionais da área, como assistentes sociais, pois são fundamentais no desenvolvimento da empatia, a fim de ultrapassar a barreira exclusiva das crianças e adolescentes.