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Enviada em: 27/09/2018

O filme "O contador de histórias", dirigido por Luiz Villaça, retrata o drama de Roberto Carlos, um garoto abandonado pela família em um reformatório juvenil, onde descobre o mundo das drogas, sendo rotulado como uma caso perdido pela instituição, no entanto, nesse momento de sua vida, uma pedagoga francesa adota-o e por meio do carinho e paciência, ela consegue conquistar o menino supostamente irrecuperável. Hodiernamente, contudo,  embora a trama de Roberto tenha um final feliz, isso não ocorre no tocante a maioria das situações de adoção de crianças e adolescentes no Brasil, devido infelizmente, não somente ao preconceito, mas também à lentidão do processo  adotivo.       Segundo Émile Durkmein, sociólogo francês, os preceitos e signos sociais criados pela consciência coletiva possuem enorme influência sobre as ações individuais. Por conseguinte, sob esse viés, o preconceito constitui um  grande impasse ao processo adotivo no Brasil, pois, apesar de haver cerca de seis  crianças e adolescentes na fila de adoção para cada família interessada, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a discriminação por critérios de cor, etnia e faixa-etária restringem o número de infantes escolhidos para serem adotados. Assim, tristemente, muitos deles continuam sonhando em vão a espera por adotantes.       Outrossim, além do preconceito, a demora do processos adotivo, a qual pode demorar anos, apresenta um outro obstáculo ao processo adotivo no país, haja visto que, por determinação do Estatuto Da Criança e do Adolescente (ECA), a adoção somente é realizada quando todos os recursos forem esgotados à manutenção do jovem na família natural ou extensa. Portanto, nesse contexto, lamentavelmente, muitas pessoas desistem da adoção para escapar do cansaço psicológico e emocional provocado pela longa espera, contribuindo, assim, com a manutenção desse quadro alarmante de crianças e adolescentes desprovidos de laços familiares.      Logo, diante dos argumentos supracitados, cabe ao Ministério da Cultura, em parceria com as escolas, desenvolver projetos, como palestras, debates e distribuição de cartilhas, acerca do preconceito, a fim de que a discriminação não seja um entrave à adoção juvenil. Ademais, é necessário o Governo agilizar o processo adotivo, por meio de leis mais brandas e menos burocráticas, não obstante, sem negligenciar a integridade da criança e do adolescente, com o fito de aumentar o número de adoções. Assim, com essas medidas, finais felizes, como no filme "O contador de histórias", torna-se-á uma realidade aos inúmeros jovens sem família no Brasil.