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Enviada em: 25/10/2018

No Brasil, a questão da adoção se configura como um dilema polêmico e negligenciado. Nesse viés, a a especifidade das crianças ou adolescentes desejadas pelos futuros pais e a burocratização do sistema, contribuem para o elevado número de jovens sem família. Dessa forma, entende-se a adoção como um ato deliberativo, fraternal e de deveras urgência, visto que para o psicanalista Freud, " o período infantil é a fase de maior vulnerabilidade social de um ser humano".     A priori, a especifidade do perfil desejado pelos adotantes evidencia como o problema é complexo. Nesse ínterim, alguns futuros pais tratam a adoção como um " ambiente mercadológico", selecionando características específicas, como a idade. Dessa forma, segundo o Conselho Nacional de Justiça(CNJ), apesar do número de pessoas querendo adotar ser maior do que o de crianças disponíveis para adoção, 90 em cada 100 delas têm mais de 7 anos, porém apenas 5%  das pessoas querem adotar crianças nessa faixa. Em decorrência disso, a quantidade de adolescentes que crescem em abrigos do Estado é aterrorizante e acomete em um crescimento sem um amor familiar e suscetíveis a desenvolver transtornos psicológicos e desvios de comportamento.    Outrossim, o processo de adoção, apesar de ter algumas etapas necessárias, é evidentemente burocrático. Nesse contexto, os órgãos responsáveis pelo procedimento priorizam a necessidade de uma "família perfeita", havendo, em geral, maior facilidade para casais heterossexuais com boas condições financeiras e em que um dos parceiros possua grande disponibilidade para oferecer cuidado irrestrito ao menor. No entanto, mais necessário que uma família isenta de problemas, é uma família com amor para dar e que não medirá esforços para o desenvolvimento do novo filho, haja vista que para a psicóloga Ana Bock, " a adoção é um ato de doação". Por consequência, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o tempo de adoção pode chegar a 5 anos dependendo do perfil desejado pelo adotante, prolongando o tempo do menor no abrigo.    Torna-se notório, portanto, que algumas medidas são urgentes para desagravar a questão da adoção no Brasil. Destarte, o Poder Judiciário, por meio do CNJ, em parceira com o Conselho Tutelar e a mídia, devem promover a divulgação das crianças disponíveis para adoção nos sites e mídias sociais, a fim de democratizar e facilitar o acesso das pessoas que querem adotar, além de criar maior sentimento de empatia e amor. Ademais, é importante que os Ministérios da Educação e do Trabalho, por meio de cursos técnicos e cotas de emprego, priorizem a formação e a qualificação dos adolescente que não estiverem mais em fase de ficar na casa de adoção, a fim de possibilitar que esse indivíduo consiga progredir e torna-se autossuficiente.