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Enviada em: 29/10/2018

Na mitologia grega, as irmãs Danaides, depois de uma delas desobedecer as ordens de seu pai, foram condenadas à encherem com água um tonel no Haddes até transbordar, o que nunca ocorreu, pois esse não tinha fundo. No que tange à contemporaneidade, vê-se que essa situação é análoga à realidade brasileira, isso porque, a questão da adoção de crianças e adolescentes tem sido um impasse contínuo, o qual decorre não só de preceitos sociais, mas também da ineficiência estatal frente a isso.      Convém ressaltar, em primeira análise, que essa problemática é oriunda primordialmente de ideias generalizadas. Consoante a Durkheim, a sociedade é movida por ideias coercitivas, que se dissolvem e manipulam a consciência coletiva. Nesse sentido, é indubitável que filtros de preferência como idade, sexo ou mesmo etnia - que provêm de preceitos construídos socialmente - contribuem diretamente para que diversas crianças e adolescentes permaneçam não só no banco de adoção, mas também privadas, infelizmente, de um ambiente familiar, essencial para o desenvolvimento de todo ser humano.     Em segunda análise ,convém pontuar que a falta de intervenções que atenuem essa problemática contribui diretamente para a persistência dessa situação. Consoante a Thomas Hobbes, o homem abre mão da sua liberdade plena para que, assim, o soberano possa governar e legislar a favor do seu povo. Entretanto, a respeito da nação brasileira, é notório que esse conceito tem sido violado à medida que, mesmo frente ao alto número de pessoas interessadas no processo de adoção, o Estado não tem sido eficiente em promover a agregação de crianças em laços familiares. Prova disso, tem-se os dados divulgados pelo portal O Globo, que expõem um número de 7 mil aptos a serem adotadas, ao passo que 33 mil têm interesse em praticar esse nobre ato.  Postas essas questões, infere-se que a questão da adoção no Brasil é um problema a ser combatido. Portanto, cabe ao Ministério da Comunicação atuar de forma a combater as exigências estabelecidas pelos adotantes, isso, por meio da veiculação de campanhas midiáticas não só na televisão, mas também nas redes sociais que preguem pela adoção de vidas, em detrimento da adoção de crianças filtradas por convenções sociais, para que assim, construa-se uma consciência coletiva que priorize a essência humana ao invés de estereótipos. No mais, é imprescindível que o Estado atue de maneira a diminuir o número de crianças na fila de adoção, isso, com a criação de institutos sociais que ofereçam todas as medidas de análise necessárias para o processo adotivo de maneira ágil e eficiente, a fim de que, assim, a soberania governamental possa proteger essas crianças inserindo-as em ambientes de afetividade familiar. Ademais, seguindo essas maduras, o Brasil caminhará para um futuro melhor, no qual, a luta que tange à adoção terá fim, diferentemente a das irmãs Danaides.