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Enviada em: 10/12/2017

Política do filho único, extrema pobreza, desinformação por parte da população. Estes são apenas alguns fatores apresentados por países ao redor do planeta que, infelizmente, impedem inúmeras crianças de obterem um direito fundamental para sua formação: o direito à família. No Brasil, esse problema deve-se principalmente às precárias políticas de adoção presentes no país, que lamentavelmente obrigam milhares jovens a viverem em condições aviltantes nos abrigos pelo país. Essa constatação exige uma reflexão sobre os principais aspectos que causam esse descaso social.       Em primeira instância, deve-se ressaltar como ideias construídas no imaginário popular dificultam consideravelmente o processo de adoção no país. Sob a perspectiva dos fatos sociais propostos por Durkheim, em que os interesses coletivos sobrepõem-se sobre os individuais, pode-se compreender que surge, para o senso comum, a ideia de que adotar crianças mais velhas é um problema, devido estas possuírem costumes já formados. Infelizmente, essa ideia difundia amplamente pela sociedade prejudica consideravelmente o processo de adoção, pois aumenta significativamente o critério de seleção das famílias, que decidem por adotar apenas recém-nascidos. Nesse contexto, torna-se necessário ressaltar a ineficácia do Estado, uma vez que caberia a este, através de políticas públicas, eliminar esse pensamento retrógrado da população.       Outro ponto a ser observado é um triste fato que ocorre durante o período de adaptação na família adotiva: a devolução da criança. O sociólogo Polonês Zygmunt Bauman explica, em sua “modernidade líquida”, como as relações na pós-modernidade tornaram-se efêmeras. Sob essa ótica, pode-se entender o fato de que no primeiro sinal de problemas ou falta de adaptação, famílias optem por fazer a devolução da criança para o abrigo, como se estivesse devolvendo um simples produto e não uma vida, sem o menor esforço para contornar a dificuldade. Lamentavelmente, esse triste fato gera cicatrizes irreversíveis no jovem, uma vez que após experimentar um mínimo laço afetivo, acaba indo novamente para o abrigo, sendo apenas mais um no meio de muitos.       Diante do exposto, fica evidente a necessidade de uma intervenção na questão das políticas de adoção no Brasil. Por isso, cabe ao Governo Federal, através de parcerias com a mídia, a criação de campanhas publicitárias que incentivem a “adoção tardia”, visando remodelar o pensamento popular sobre a adoção de crianças mais velhas, fazendo com que todos possam usufruir de uma família. Além disso, compete ao Ministério da Saúde, por meio de consultas com psicólogos e psiquiatras, providenciar acompanhamento psicológico para as famílias durante a fase de adaptação, visando diminuir o caso de devoluções de crianças.