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Enviada em: 11/02/2018

Segundo o Conselho Nacional de Justiça, o Brasil possui um número muito maior de casais na fila para a adoção de crianças do que a quantidade de órfãos em abrigos. Mesmo assim, a maioria desses órfãos vem permanecendo nos orfanatos até a fase adulta sem nunca serem adotados. A dificuldade, que deve ser combatida, no processo de adoção se deve, principalmente, ao processo lento e burocrático do sistema responsável, que associado à seletividade dos casais, inviabiliza as adoções.   Referente ao obstáculo encontrado no processo de adoção, é possível perceber que a morosidade da Justiça, que por conta de deficiências estruturais para acelerar o processo de apadrinhamento, acaba por prolongar a estadia das crianças nos abrigos. Em virtude da lentidão do Judiciário no processo das entrevistas, análise de documentação e visitas domiciliares, além da longa tentativa de recuperar os laços com a família de nascimento, o procedimento da adoção vem se tornando, desnecessariamente, complexo. Semelhante às dificuldades encontradas no Brasil, um casal americano enfrentou uma longa espera, de quatro anos, para conseguir consolidar a adoção de três crianças de Serra Leoa, em março de 2014.     Além disso, a seletividade dos casais ao preferir meninas brancas de até três anos, intensifica o problema, uma vez que a maioria das crianças disponíveis para a adoção não se encaixam no perfil pré-estabelecido.Consequentemente, muitos, principalmente adolescentes, acabam ficando nos abrigos até a fase adulta devido a estarem fora do padrão exigido pela maioria dos adotantes no Brasil. A inflexibilidade nas escolhas dos casais, ao estabelecer um perfil específico de criança é relatada pelo filme infantil americano Família do Futuro, onde o adolescente Lewis perde as esperanças de encontrar uma família que o aceite, uma vez que segundo ele mesmo declara, nenhum casal quer adotar um garoto de treze anos.     Dessa forma, é urgente que o Poder Judiciário acelere o processo de destituição familiar bem como proporcione maior estrutura às varas da infância, de modo a possibilitar o rápido andamento dos processos de adoção. Além disso, faz-se necessário que a sociedade por meio da mídia estimule e incentive a adoção tardia e de crianças que não se encaixam no padrão exigido pela maioria dos casais adotantes, para que todas as crianças possam ter uma família independentemente de sua idade, sexo, ou cor da pele.