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Enviada em: 31/08/2017

A xenofobia observada durante a crise econômica de 1929, bem como no período das duas Guerras Mundiais, evidenciam que as populações adotam o nacionalismo em períodos turbulentos, apontando imigrantes como responsáveis pela situação desfavorável que vivem. Nesse sentido, cabe observar que o Brasil atravessa um momento de crise política, econômica e social, haja vista eventos como a queda da Presidente da República, aumento dos índices de desemprego ou o caos gerado pelo crescimento da violência urbana. Nesse cenário, verifica-se no país o aumento da xenofobia contra refugiados como expressão popular de proteção aos empregos ou à segurança nacional. A problemática persiste pela dificuldade de inclusão do imigrante na sociedade em consonância com a ineficiente proteção jurídica aos estrangeiros.                Mormente, cabe ressaltar que parte da população nativa, diante dos problemas econômicos e sociais acima citados, trata o imigrante como um usurpador de empregos e recursos nacionais, os quais considera já escassos. Nesse cenário, o brasileiro, que é naturalmente receptivo com o turista estrangeiro, torna-se incapaz de perceber que o indivíduo, coercitivamente para salvar a própria vida, abandonou seu país, familiares, história e bens materiais. Segundo o conceito de modernidade liquida de Zygmunt Bauman, o isolamento é característica marcante na pós modernidade, o que faz o homem ampliar questões individuais em detrimento de situações sociais, ainda que caóticas.            Outrossim, é indubitável que o refugiado encontra-se vulnerável longe de sua terra natal, principalmente em razão da falta de conhecimento dos seus direitos aliada à ausência do apoio jurídico que necessita. Sob essa conjuntura, caso tenha seus direitos violados em razão de sua procedência, precisa enfrentar toda a burocracia judicial, ainda que não tenha recursos financeiros suficientes nem para as necessidades básicas. Comprova-se isso pelo aumento dos casos denunciados às autoridades policiais sem, entretanto, haver correspondente de ações judiciais, conforme divulga o site cartacapital.                  Destarte, é imperativo que os refugiados sejam dignamente acolhidos e protegidos no Brasil, independente da crise que o país enfrenta. Dessa forma, o Governo deve elaborar campanha publicitária, a ser veiculada na televisão, que aborde o valor do direito à vida digna para todo ser humano, com o objetivo de conscientizar a população do seu papel social de incluir e respeitar os refugiados. Além disso, o Judiciário deve distribuir cartilhas aos imigrantes, contendo informações sobre a atuação e endereços das Defensorias Públicas, com o propósito de orientar sobre como devem proceder as vítimas de xenofobia. Dessa forma, tornar-se-á possível reduzir esse crime que atinge pessoas que se encontram em uma realidade intrinsecamente caótica.