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Enviada em: 01/09/2017

Preconceito Silencioso     Na confluência entre a intelectualização da sociedade civil e o crescimento do nacionalismo no país, o xenofobismo torna-se pujante. O desconhecimento das raízes históricas brasileiras, pautadas na imigração europeia e na escravidão, permitem a perpetuação desse ato comportamental. Além disso, esse sentimento manifesta-se muitas vezes na forma de piada, dificultando punição aos malfeitores.      Observa-se, em primeiro lugar, que a insipiência do passado pela sociedade contribui com a sinfonia do sentimento xenófobo. Segundo Martin Heidegger, "a grande tragédia do mundo é que não cultiva a memória, e portanto se esquece de suas raízes". Ou seja, a empáfia resulta da nescidade das pessoas, que  manifestam esse sentimento de aversão ao diferente, e isso marginaliza os indivíduos formadores da identidade nacional. Desse modo, atos discriminatórios fomentam a segregação de um país com elevada multiculturalidade.         Além disso, constata-se que, apesar da xenofobia ser crime tipificado pela lei, o baixo índice de denúncias formais realizadas dificultam a realização da justiça. Conforme dados da Secretária de Direitos Humanos, foram registradas apenas 340 denúncias no disque 100 em 2015. Esse baixo índice é fomentado pelo desconhecimento da lei e pelo preconceito camuflado na forma de escárnio, gerando um "xenofobismo invisível".        Destarte, nota-se que o desconhecimento histórico e penal, além da falta de discernimento entre piada e preconceito, contribuem com a continuação do xenofobismo no Brasil. Logo, cabe ao Ministério da Justiça a criação de campanhas que elucidem a importância da denúncia formal, punindo exemplarmente malfeitores. É mister, também, que escolas e faculdades debatam sobre a importância da manutenção da memória histórica, a fim de evitar esteriótipos e preconceitos aos imigrantes. Ademais, cabe ao próprio indivíduo evitar fazer "piadas", pois são nelas que o xenofobismo se perpetua e causa o preconceito silencioso.