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Enviada em: 09/09/2017

Guerras, desastres naturais, religião, melhores condições de vida. São inúmeros os fatores que influenciam uma pessoa a realizar o fenômeno de migração. Sob essa ótica, torna-se necessária a discussão sobre um problema que está diretamente ligado a esse fenômeno e, infelizmente, perpetua-se nos dias atuais: a xenofobia. No Brasil, segundo a secretaria de direitos humanos, as denúncias desse crime aumentaram em 633% de 2014 para 2015, revelando um lamentável comportamento da sociedade brasileira. Essa constatação exige uma reflexão sobre os principais aspectos que causam esse verdadeiro descaso social.       “Na essência somos iguais, nas diferenças nos respeitamos”. A assertiva de Santo Agostinho parecia não prever uma triste realidade que se perpetua na sociedade brasileira: o preconceito. Religião, etnia, cor de pele, estes são apenas alguns fatores que fazem com que os imigrantes estrangeiros sofram constantes aviltamentos sociais, o que os levam a viverem às margens da sociedade. Nesse contexto, pode-se compreender a ideia da “modernidade líquida” de Zygmunt Bauman, onde é explicada a perda da sensibilidade pela dor do outro e a crescente onda de individualismo presente na sociedade pós-moderna.       Outro ponto a ser observado, é a influência da mídia na construção de uma sociedade xenófoba. Sob a ótica dos fatos sociais propostos por Durkheim, em que os interesses coletivos sobrepõem-se sobre os individuais, pode-se compreender a relação entre constantes veiculações de guerras, principalmente nos países do oriente médio, e a formação do pensamento popular. Com essas constantes notícias de guerra, surge no imaginário popular a ideia de que todos os habitantes daquela nação são terroristas em potencial, contribuindo diretamente para o aumento dos índices de xenofobia no país. Sob essa perspectiva, torna-se necessário ressaltar a inoperância do Estado, uma vez que este seria o responsável por garantir uma sociedade livre de qualquer tipo de preconceito.        É visível a necessidade de uma intervenção na questão da xenofobia no Brasil. Cabe ao governo federal, através de parcerias com a grande mídia, a criação de programas televisivos que contem a história de diversos países e não somente a parte violenta destes, ajudando a moldar o pensamento popular, consequentemente diminuindo os níveis de xenofobia no país. Cabe às escolas, através de palestras com pessoas estrangeiras, conscientizar seus alunos de que independente da nacionalidade, religião ou cor de pele, todos são seres humanos e possuem direitos inalienáveis que devem ser respeitados, contribuindo para uma próxima geração mais educada e menos xenófoba. Parafraseando Kant: “o homem nada mais é do que aquilo que a educação faz dele”.