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Enviada em: 10/09/2017

A utopia de Policarpo Quaresma frente a perspectiva gregoriana     Habitado inicialmente apenas pelos indígenas, colonizado pelos portugueses, governado durante sessenta anos pelos espanhóis, alvo de imigrações e com um passado escravocrata, o Brasil se tornou um país culturalmente diversificado. Contudo, ainda que a heterogeneidade seja uma das principais características da nação, a discriminação xenofóbica caracteriza um grave problema frente à ética brasileira, figurando a necessidade de providências que considerem aspectos históricos e sociais.    Decerto, o nacionalismo exacerbado sempre foi hiperbolicamente expresso na literatura brasileira. Assim, ao observar a visão utópica de Policarpo Quaresma — personagem da obra de Lima Barreto — é possível questionar, se frente ao Brasil contemporâneo, personagem tão patriota ainda orgulharia-se de ter sua naturalidade em um país discursalmente  tão xenofóbico, no qual, ainda que a discriminação de procedência nacional esteja tipificado como crime segundo a Constituição Federal, o numero de denúncias referente a intolerância à imigrantes tripliquem a cada ano.      Por conseguinte, a Justiça Federal parece ignorar a gravidade do problema. Nessa perspectiva, embora a Secretária  Especial de Direitos Humanos tenham registrado mais de trezentas denúncias em 2015, quase não há comprovação de denúncias que prosseguiram ou de xenófobos punidos pelo Poder Judiciário. Desse modo, quando Gregório afirma "não sabem governar sua cozinha e podem governar o mundo inteiro", parece prever os reflexos de uma sociedade com problemas ignorados pela Administração Federativa.        Levando em consideração tais enfoques, torna-se imprescindível  medidas que visem a diminuição do discurso xenofóbico no Brasil. Isso posto,  faz-se necessária a atuação do Ministério das Comunicações em parceria ao Ministério da Educação, na realização de propagandas comerciais de televisões e campanhas escolares que abordem as culturas internacionais, no intuito de persuadir os brasileiros no maior acolhimento à imigrantes. Outra iniciativa plausível, sobretudo,  é o aprimoramento da lei que remete ao discurso de ódio à naturalizados ou turistas estrangeiros, por meio da intensificação das punições à xenófobos realizada por lei pelo Poder Público Federal, com a intenção de garantir maior asseguramento da intervenção do Poder Judiciário na correção do problema enfrentado. Nesse contexto, a utopia de Policarpo Quaresma tornará-se genuinamente menos verídica frente à realidade brasileira expressa pela perspectiva gregoriana.