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Enviada em: 26/09/2017

A Cordialidade em Tempos de Preconceito       O caráter da xenofobia apresenta-se em momento alarmante com aumento de mais de 600% nos últimos anos, segundo dados da Secretaria Especial de Direitos Humanos. O crime xenofóbico atrela-se, majoritariamente, à ignorância daqueles que agridem física ou verbalmente os imigrantes, motivados por estereótipos relacionados à crença ou cultura.       Esses acontecimentos são reafirmados quando se observa no grupo haitiano como o mais afetado, seguido por indivíduos de origem árabe ou de religião muçulmana. Situações como essa não beneficiam nem estrangeiros ou nativos, acentuando outras formas de preconceito como o próprio racismo, tendo em vista a constituição de quase metade da população brasileira como negra. Não se pode negligenciar situações tão extremadas de cunho ideológico, pois facilmente podem evoluir a agressões físicas e ao estabelecimento de um ódio coletivo ao que é diferente.            O desrespeito aos direitos humanos, desse modo, é evidente numa sociedade que se diz "cordial". Questiona-se teses como a do historiador Sérgio Buarque de Holanda no sentido da nata cordialidade brasileira e reafirma-se o dito por Florestan Fernandes sobre no Brasil ter-se preconceito em não se ter preconceito, ou seja, vive-se numa ilusão de valores. É presumível na cordialidade exposta pelo historiador, como sendo a representação do modo passional e impulsivo presente no brasileiro, capacidade de encurtar distâncias, de grande serventia no contexto dos refugiados no país. A associação de um modo de vida estereotipado ao imigrante, como no caso de árabes ou muçulmanos ao terrorismo, não é recurso sadio nem conivente numa democracia.       A urgência do combate à xenofobia, portanto, é embasada de uma prerrogativa humanitária. A veiculação de propagandas capazes de informar sobre o ato criminoso da xenofobia, além da atuação do Ministério da Justiça através da CONARE (Comissão Nacional para Refugiados) em estimular denúncias de casos semelhantes, seriam meios viáveis para amenização desses preconceitos, e também na fundamentação de uma cultura de paz.