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Enviada em: 25/10/2017

Questão familiar no cenário europeu, a xenofobia voltou a ganhar grandes proporções no mundo contemporâneo: muitas autoridades dos países do Velho Continente, em consonância com a vontade civil, vêm fechando suas fronteiras diante da crise humanitária decorrente da Guerra da Síria. O governo brasileiro, em contrapartida, vem demonstrando solidariedade aos sírios, que já representam 25% dos refugiados no país. Entretanto, essa atitude diplomática entra em contraponto com a falta de cordialidade dada por brasileiros aos imigrantes recém-chegados, fato que suscita o debate da aversão dos brasileiros não só aos sírios, mas a quaisquer grupos estrangeiros que adentrem no país.          Segundo Albert Einstein, "é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito enraizado". Tal citação reflete a principal causa da xenofobia no Brasil, a qual não diz respeito à comum aversão aos estrangeiros devido à saturação do mercado de trabalho, mas sim a retrospectos já amplamente presentes no corpo social brasileiro, como as intolerâncias religiosa e racial.  Nos séculos passados, os afrodescendentes sofreram, e ainda sofrem, em menor escala, com a associação das suas crenças ao satanismo, assim como hoje há uma imediata vinculação da figura do muçulmano ao terrorismo, fato que mais fundamenta os discursos de ódio então vigentes.       Além da questão ideológica, é necessário salientar a alta impunidade no que concerne às agressões físicas e verbais decorrentes da xenofobia, mesmo sendo um crime tipificado pela legislação brasileira. Apesar de que as denúncias na Secretaria Especial de Direitos Humanos tenham aumentado em mais de 600% nos últimos anos, poucos são os casos que resultam em punições aos infratores, fato que, além de ratificar a banalização do preconceito em questão, sinaliza a inércia de um sistema judiciário marcado pelo excesso de processos e pela morosidade jurídica.       Torna-se evidente, portando, que os brasileiros carregam uma extrema carga intolerante a determinados grupos estrangeiros. Faz-se necessário, por sua vez, que o Ministério da Justiça melhore a eficácia do sistema judiciário brasileiro, ampliando o corpo jurídico e aplicando uma melhor gestão dos recursos, de modo que se acelerem o trâmite dos processos e mais denúncias resultem nas devidas punições. Além disso, é essencial que a mídia, em parceira com o Estado e as ONGs, promovam campanhas de sensibilização e acolhimento aos estrangeiros, ato que também deve ser estimulado através da construção de valores feita pela escola e pela família. Assim, o brasil finalmente se firmará como o "país de todos".