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Enviada em: 14/03/2018

“Compartilhar o mundo nunca foi o atributo mais nobre da humanidade”. Essa é uma passagem dita por um personagem da Marvel sobre o universo mutante e a intolerância. Ficcional ou não, é um fato histórico e uma verdade inconveniente que o sentimento xenofóbico perpassa de um nacionalismo exacerbado e assume uma ideologia ignorante e desumana. Nesse contexto, surge a insuficiência e pouco rigor das leis, a falha educação e a lenta mentalidade da população como alicerces desse problema.         A expressão e agressão verbal “ sai do meu pais” dita a um Sírio que trabalhava em Copacabana no Rio de Janeiro foi mais uma das inúmeras práticas xenofóbicas feitas diariamente aos estrangeiros que buscam oportunidades no Brasil. Embora seja crime tipificado por lei, é sabido que menos de 1% das denúncias tornam-se processo de acordo com a Secretária Especial de Direitos Humanos. Por um lado, temos a lei criada e a pena instituída e por outro uma jurisprudência ineficaz. Infelizmente, do papel e do disque denúncia parece que não passará e o único “arquivamento” será na memória de quem é agredido.         A lenta mudança de mentalidade enraizada num pretexto de superioridade e indiferença é o que alimenta o xenofobismo e um dos paradigmas a ser quebrado. Um comportamento intolerante é marca da humanidade. A escravidão, o apartheid e o Holocaustro são provas suficientes disso. Ainda vivenciamos essas facetas preconceituosas e a mentalidade xenofóbica transcendeu as eras e salvo outras razões, a falha educacional foi responsável por isso. O filósofo Immanuel Kant disse uma vez que é na educação que assenta o grande segredo de aperfeiçoamento da humanidade e foi onde falhamos histórico e socialmente.         Diante disso, é necessário atuar em vários cenários. No campo legal, é imperioso acabar com toda essa “diplomacia” e ser objetivo e veloz em processar e arquivar tais crimes. No cenário educacional, é papel da escola criar uma disciplina específica sobre outras culturas, línguas, povos e trabalhar questões de respeito e tolerância a diversidade. As famílias e comunidades devem propor reuniões em lugares públicos e dialogar sobre isso com o apoio de ONGs a fim de disseminar o fim das agressões. Finalmente, é papel dos governos em suas três esferas massificar campanhas publicitárias de combate a xenofobia. Quem sabe assim nos orgulhemos de dizer como Haper Lee: “só existe um tipo de gente: gente”.