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Enviada em: 02/08/2018

Heráclito, filósofo da antiguidade, defendia que tudo estava em constante movimento. De acordo com o pensador grego, seria impossível entrar o mesmo rio duas vezes, visto que, no mínimo, o pensamento e a as águas já não seriam as mesmas. Entretanto, no que tange à sociedade brasileira hodierna, é visível que ela encontra-se estagnada em relação a autonomia da mulher no país.   A priori, convém ressaltar que, na década de 1960, ocorreram diversas revoluções culturais, cujo conjunto denominou-se segunda onda feminista. Nesse viés, pode-se afirmar que tal movimento possuía o objetivo de promover a liberdade sexual da mulher e, nesse contexto, a legalização do aborto. Com relação a tal prática, infere-se que a legislação brasileira é extremamente restrita, já que contempla apenas casos de estupro, quando existe o risco de morte da mãe e quando acontece a má formação do feto. Contudo, apesar disso, organizações ligadas á saúde afirmam que em uma em cada cinco mulheres realizará o procedimento. Dessa forma, infere-se que, uma vez que o mesmo é bastante nocivo e as gestantes não possuem amparo legal para realizá-lo, o processo abortivo ocorre de maneira precária, oferecendo perigo a vida de muitas mulheres.   Outrossim, em uma análise mais aprofundada, é tangível que a Igreja Católica foi responsável por ditar o pensamento de significativa parcela das sociedades ao longo do tempo. Nesse âmbito, nota-se a influência do catolicismo, assim como outras religiões, no que se refere ao aborto, uma vez que as mesmas condenavam tal pratica. Dessa forma, afirma-se que devido a essas, uma míriade de pessoas se opõem à legalização da interrupção da gravidez. Todavia, é imprescindível separar a opinião pessoal e religiosa do apoio a esta, visto que tal mudança é, sobretudo, uma questão de saúde pública.    Portanto, mediante aos argumentos apresentados, torna-se evidente a necessidade de solucionar a problemática, a fim de promover a integridade física e mental das mulheres. Por isso, é patente que, com o objetivo de apresentar à sociedade a importância da legalização do aborto no Brasil, o governo federal deve promover campanhas nos meios midiáticos, ressaltando o quão perigoso é a interrupção da gravidez de forma ilegal, utilizando exemplos bem sucedidos de países que permitem a prática, como os Estados Unidos. Dessa maneira, uma maior parcela da população se tornará favorável à mudança na legislação. Destarte, cabe ao sistema judiciário e o ministério da saúde, de forma concomitante, o fornecimento de amparo, legal e médico, para a realização do aborto. Para isso, assiste a tais órgãos a legalização da prática, bem como possibilitar a interrupção da gravidez de forma gratuita e segura no Sistema Único de Saúde, com assistência obstétrica e psicológica. Assim, conclui-se que, desse modo, será possível uma mudança social, ratificando a teoria de Heráclito.