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Enviada em: 09/05/2018

"Juliana, 25 anos, casada, ilegalmente já abortou duas vezes, a primeira aos 16, a segunda, já casada, aos 24, ambas por não se proteger". Juliana, de maneira fictícia, reflete um quadro comum ao cenário brasileiro, em cuja população, incontestavelmente, aborta. Com efeito, legalizado ou não, as causas e consequências dessa prática é que precisam ser revistas.           A priori, é válido ressaltar o modo pelo qual a população brasileira lida com situações adversas que, em vez de se prevenir, busca a resolução imediata. Nesse sentido, a escolha pelo aborto demonstra-se como um reflexo dessa maneira, a qual fora retratada no livro " Quarup", do escritor Antônio Callado, na ejaculação precoce de Nando. Ademais, a personagem do livro " O crime do Padre Amaro", de Eça de Queiroz, Amélia -apesar de não ser brasileira- ,mas excessivamente jovem, é induzida à realização de tal procedimento, em razão de seu descuido, resultando em sua morte. Assim, de modo análogo à Amélia, muitas jovens têm perdido a vida ao buscar essa resolutividade que, na maioria das vezes, é feita em locais insalubres.         Igualmente, como no Brasil o aborto é legalizado para casos de estupro ou risco para mãe, discute-se a eficácia da ilegalidade para os demais casos, em virtude do número de ocorrências e mortes das que realizam o serviço. Nesse aspecto, estaria o Brasil realizando uma violência simbólica? Segundo Pierre Bourdieu, sociólogo francês, o Estado pratica esse tipo de violência quando não fornece recursos para satisfação das necessidades dos indivíduos. Entretanto, a legalização do aborto como saúde preventiva levaria o sistema de saúde ao colapso, devido à despreocupação, principalmente entre os casados, com a utilização dos métodos contraceptivos, já que, pelo menos entre os casados, não haveria a contaminação com alguma patologia. Desse modo, mais importante que legalizar é reafirmar a utilização dos contraceptivos como saúde preventiva.            Fica claro, portanto, que, para que haja uma total legalização é necessário amadurecer a ideia de prevenção, através da proteção. Cabe, ao Ministério da educação criar tal maturidade, por intermédio de discussões em sala de aula, devido à sua grande influencia sobre o aluno, ao demonstrar os casos e possíveis consequências do aborto , a fim de desestimular a sua procura. Ademais, mesmo com o discurso de autonomia do corpo de cada mulher, à mídia pode, por meio de propagandas e inserção do tema em novelas, visto seu grande poder conscientizador, enfatizar a facilidade de não engravidar e os perigos de se expor a uma prática cirúrgica, mesmo em local adequado, para que, dessa forma, possa educar, sexualmente, toda população brasileira.