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Enviada em: 13/07/2018

No século 4 Santo Agostinho defendia que só a partir de 40 dias após a fecundação se poderia falar em pessoa. É estranho pensar que um grande símbolo da igreja - como outros e até a própria instituição na época - tinha essa visão considerando a posição atual dessa quanto ao tema. Atualmente, um congresso repleto de homens argumenta contra o aborto, sem refletir sobre o real sentido da legalização. E com isso, mulheres que sem opção optam pelas clínicas clandestinas, correm riscos e morrem todos os dias.   Um governo repleto de homens e com pesquisas como a do Ibope de 2014 mostrando que 80% dos brasileiros são contra o aborto, indicam uma certa protelação social. A legalização baseada em sistemas como o do Uruguai que dão assistência à mulher com apoio psicológico e prazo mínimo de 5 dias para reflexão, fazem as taxas de abortamento serem menores que as de países que o proíbem. Outro fator de peso, seria o econômico. Em números o Brasil perde cerca de 7 bilhões de reais com gravidez em adolescentes, de acordo com um relatório da ONU de 2013. Isso se da ao fato de que ao engravidar essas jovens param de estudar comprometendo sua formação profissional e pessoal.    Além disso, a insalubridade e descaso de algumas clínicas clandestinas -opção que resta para as mais pobres- matam 4 mulheres por dia, de acordo com o Ministério da Saúde em 2016. Esse problema transcende ao considerar que gestantes negras são as que mais morrem, passando por abortos ilegais 2 vezes mais do que as brancas, como diz o Mapa da Violência de 2015. Pode-se perceber que em um país no qual em média 1 milhão de gestações são interrompidas por ano, a proibição não está condizendo com sua proposta.   Portanto, a solução é a legalização. Sendo esta acompanhada de medidas complementares. Métodos de tratamento, tanto físico quando psicológico, como exemplo do Uruguai, poderiam ser oferecidos pelo SUS. Contudo, tendo o cuidado de não atingir questões utópicas, deve-se entender que o aborto é um assunto ábdito . E para uma evolução dentro desse quadro, outros temas como alienação e preconceito necessitariam ser citados. Como o número de mortes só cresce se tornando um caso de saúde pública, o governo e a população precisam reavaliar seus preceitos e analisar dados como os já citados.