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Enviada em: 31/07/2018

É notório que, a problemática acerca da legalização do aborto no brasil diverge de opiniões, dado que, embora a modernidade líquida de Bauman esteja cada vez mais concreta, muitas pessoas ainda se apegam a postulados estabelecidos a milênios e querem aplicá-los nos dias atuais. Nesse contexto torna-se claro a persistência do machismo na sociedade atual, bem como o desconhecimento estatístico sobre a real situação do aborto no Brasil como suas principais causas.   É indubitável que o patriarcado brasileiro, mesmo que ferido pela ascensão feminina no ultimo século, ainda destoa quanto a imposição de preceitos acerca de ética e moral na sociedade. Tal fato pode ser comprovado mediante a posse constitucionalizada do Estado sobre o corpo da mulher, impondo regras com prerrogativas sociais, como a licença maternidade de 6 meses para a mulher, enquanto a do pai é de 15 dias, apenas para garantir que os cuidados com a prole continuem sendo obrigações femininas. Desse modo, é perceptível que o real interesse na criminalização do aborto pelo poder público não se baseia no direito a vida da criança, e sim da manutenção da hierarquização social dos sexos na sociedade.  Outro ponto relevante nessa temática, é a ignorância social sobre a realidade do aborto no país. Pois apesar de programas voltados para a discussão do feminismo  na televisão, como o Saia Justa, conseguirem trazer a discussão para a mesa e mostrarem que o aborto no Brasil é uma realidade e que sua criminalização traz prejuízos principalmente para a população de baixa renda, a pergunta feita continua sendo se você é a favor ou contra o aborto, enquanto a pergunta correta que é " você é a favor do aborta legal ou clandestino?" acaba sendo evitada afim de não gerar mais polêmica ao problema de saúde pública que se vive no país.    Evidencia-se, portanto, significativas dificuldades quanto a descriminalização do aborto no Brasil, seja pela estratificação social imposta pelo estado, seja pela falta de esclarecimento populacional acerca do assunto. Afim de garantir a resolução do empasse, faz-se necessário, primeiramente, a descriminalização do aborto pelo STF, garantindo a mulher o direito sobre seu corpo, além de incentivos federais para que secretarias estaduais e municipais de saúde e de educação ofereçam, periodicamente, palestras informativas nas escolas, por meio de profissionais capacitados e que tenham experiencia comprovada nesse cenário, sobre métodos contraceptivos e dos prejuízos provocados pelo aborto, assim como o redirecionamento de verbas destinadas a propaganda federal para a criação de comerciais que  visem o esclarecimento da população sobre o problema. Aumentam assim as chances de vitória em mais uma batalha nessa guerra contra o machismo no Brasil.