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Enviada em: 02/08/2018

Ventre Livre       Na Antiguidade o aborto estava presente em todas as classes sociais, este era realizado por parteiras ou pelas próprias gestantes e os meios utilizados para sua realização eram “cantilenas mágicas", exercícios físicos violentos e instrumentos mecânicos, o que provocavam, muitas vezes, danos e envenenamentos às mulheres. Para as mulheres brasileiras hoje em dia isso não é muito diferente. O Código Penal condena essa prática e pune quem sofre e quem realiza, o aborto só é legal quando o feto é anencefálico, quando ocorreu um estupro ou quando a gestação põe em risco a vida da mulher.        Estudos mostram que, no Brasil, 20 por cento das mulheres entre 18 e 40 anos já interromperam a gravidez pelo menos uma vez; porém essa quantidade exorbitante traz também um grande número de óbitos, por ano, cerca de quarenta e sete mil mulheres morrem por complicações no processo. Esse assunto polêmico, se mostra cada vez menos uma questão religiosa, a maioria dos países que aprovaram tem sua cultura com base católica, e aqui, 56% dos casos de feticídio teve como sua praticante uma católica.        Enquanto mulheres alfabetizadas e com uma renda média aparecem em gráficos sobre aborto, as mulheres pobres aparecem em gráficos de morte por amblose. Acontece que nas clínicas clandestinas mais seguras o procedimento atinge valores altíssimos, restringindo as mulheres que não tem condição, fazendo assim, com que elas recorram a processos sem segurança ou nem o realizem tendo um filho indesejado e sem condições para criá-lo.     O economista norte-americano Steven Levitt, autor do livro Freakonomics, tem a teoria de que o aborto também reduz a criminalidade. Em 1973 foi legalizado o aborto nos EUA, vinte anos depois, quando os delinquentes nascidos nessa época estariam no auge de sua criminalidade, houve uma brusca queda em taxas de roubo e assassinato no país.     Mulheres ricas abortam, mulheres pobres morrem; por isso esse assunto deve ser tratado como questão de saúde pública. A legalização do aborto traria mais segurança e informação às mulheres, que poderiam ter acesso a terapias e a outras formas além da interrupção, como a adoção por exemplo. Com palestras e campanhas de educação sexual feitas pelo Estado, a prevenção correta evitará muitos casos de gravidez indesejada, principalmente entre adolescentes. Informação para prevenir, contracepção para não engravidar e aborto seguro e legal para não morrer cabe ao governo.