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Enviada em: 10/08/2018

O Estrangeiro,uma das obras mais célebres de Albert Camus, revela a condição do indivíduo que ao agir de forma passiva diante dos fatos que o rodeia, sente-se "intruso" em sua própria existência.Tal perspectiva pode ser inserida no contexto da legalização do aborto, uma vez que pressões culturais,religiosas e morais restringem o poder de decisão da mulher sobre o seu corpo, obrigando-a à interrupção gestacional clandestinamente.Nesse contexto, é fundamental destacar os fatores que levam essa prática a ser a 5ª causa de morte materna no Brasil.    Em primeira instância, a Constituição Federal prevê a legalidade do aborto nos seguintes casos: estupro, risco de vida materno e inviabilidade fetal.Todavia, mesmo aquelas mulheres que se enquadram nessas categorias têm seus direitos vilipendiados, haja vista que o tema esbarra em questões Bioéticas e religiosas, levando parte do corpo médico e principalmente figuras proeminentes da sociedade a repudiarem tal ato.Diante disso, o corte de verbas destinadas a organizações de planejamento familiar, que realizam a prática do aborto, pelo presidente americano, Donald Trump, apenas reforça essa ideologia.    Vale ainda ressaltar que, de acordo com Simone de Beauvoir, delegar as mulheres o poder de decisão sobre o seu corpo é ,acima de tudo, um exercício de humanidade.Contudo, não é isso que acontece na prática,pois apesar de algumas mulheres conseguirem realizar o aborto em hospitais estrangeiros especializados,a maior parte , devido à falta de recursos, tem como alternativa clínicas ilegais que realizam o procedimento em condições insalubres, o que muitas vezes pode trazer complicações severas e em último caso,  o óbito.     Levando-se em conta os fatos supracitados, é possível inferir que apesar da legalização do aborto ainda ser um desafio, agentes como o Ministério da Saúde em parceria com as unidades de saúde locais  poderão proporcionar o desenvolvimento de um projeto de planejamento familiar que através de cursos de educação sexual para a população e a oferta de profissionais especializados na questão do aborto como  psicólogos e assistentes sociais,caso se opte pela adoção como alternativa, são medidas fundamentais para promover a consciência coletiva e uma maior autonomia para a mulher.