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Enviada em: 24/08/2018

Com mais de 500 mil casos de interrupções de gestação, somente em 2015, segundo pesquisa da Universidade de Brasília, o aborto, sem dúvida, é um fato recorrente na sociedade brasileira. Entretanto, devido a questões sociais e legais, além de ser um momento de estresse psicológico para a mulher, ele passou a ser também uma questão preocupante de saúde pública.       Em uma primeira análise, os problemas de ordem social referem-se ao tabu criado e ainda mantido entorno do tema. Assim, mesmo nos dias atuais, em que sociedade marcadamente cristãs têm aberto discussão sobre os prós e contras do mecanismo de interrupção da gravidez, e até mesmo legalizando-os até a 12ª semana de gestação, como no caso da Irlanda em 2018, nota-se que, no Brasil, isso ainda é demasiadamente velado. Seja na internet, televisão ou até mesmo nas cúpulas legislativas do país, o aborto continua sendo visto como discussão controversa, diminuindo sua incidência nesses meios. Além disso, com grupos como a bancada religiosa no Congresso Nacional, quaisquer medidas que buscam alterações na lei encontram hercúlea resistência.       E é justamente por essa dicotomia entre o texto legal -que proíbe o aborto exceto em casos de estupro, risco à mulher ou feto anencéfalo- e os mais de 1300 casos realizados por dia, em média, por todo o país, que grande parte deles é feito de forma clandestina. Em ambientes insalubres, com pessoas frequentemente não capacitadas e por motivos variados, como a incapacidade de manter outro filho, inacessibilidade ao sistema público de saúde ou simplesmente o desejo de não ter a criança, essas mulheres se submetem a procedimentos de alto risco, que podem causar sequelas graves ou até matar. Prova disso são os dados fornecidos pela Organização Mundial da Saúde, em que estima-se que 47 mil mulheres padecem todos os anos em decorrência de problemas durante o aborto.       Dessa forma, é extremamente necessário a promoção de debates sobre o aborto. Aqui, parcerias entre ONGs, mídia, universidades e setores ligados à saúde, como hospitais públicos e particulares, na criação de palestras, rodas de debate e publicidade informativa sobre as consequências do aborto clandestino e a frequência com que ele ocorre na sociedade servirão para conscientizar a população e desmistificar o tema, possibilitando a formação de opinião pensada e concreta e visando preservar a vida e a saúde das mulheres do país.