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Enviada em: 24/08/2018

O importante não é viver, mas viver bem. Segundo Platão, a qualidade de vida tem tamanha importância de modo que supera a da própria existência. No entanto, ao observar a questão do aborto no Brasil, nota-se que muitas mulheres não estão vivendo com qualidade, uma vez que, há muitos abortos clandestinos, os quais não expõem somente a vida do feto, mas também a da mãe. Dessa maneira, ao invés de tentar aproximar a realidade descrita por Platão da vivenciada pela sociedade brasileira, a falta de apoio familiar, o abandono do companheiro (pai da criança), unidas à condições financeiras precárias, podem contribuir para a situação. Segundo a Pesquisa Nacional do Aborto (PNA), realizada no ano de 2016, revela dados alarmantes, esta, demonstra que o fenômeno é recorrente e persistente, sendo que 1 em cada 5 mulheres até 40 anos já realizou ao menos um aborto, além de que metade delas precisou ficar hospitalizada após a interrupção da gravides. Diante disto, se analisa que a criminalização não impede o ato em si, mas sim, deixa a mulher em um situação de vulnerabilidade, já que por ser um ato coercivo socialmente e passível de punição, a mulher não procura uma assistência de saúde, causando sequelas físicas e psicológicas e, sobretudo, podendo leva-la a morte. Outrossim, a urgência de debater o assunto agrava-se quando o contexto brasileiro é observado. De acordo com, a Organização Mundial da Saúde (OMS) assustadoramente a cada dois dias uma mulher morre, vítima da realização de um aborto clandestino no país. Esse dado revela um ideário vetusto na realidade brasileira e, além disso, contraditório que o país tenha avançado em questões morais, aprovando leis essenciais ao seres humanos, todavia, infortunadamente, retrocede em questões de saúde pública que visem o bem-estar feminino. Ademais, criou-se uma estória de que a mulher deve seguir regras impostas pela sociedade patriarcal, logo, de acordo com o imaginário misógino vigente na contemporaneidade, não cabe à mesma decidir acerca do seu próprio corpo. Em síntese, são fatores determinantes para a insuficiência de medidas humanizadas e universais. Sendo assim, torna-se evidente as lacunas presentes na atual conjuntura brasileira correspondentes à questão do aborto. Faz-se necessário, que o tema seja abordado por um viés de saúde pública, para isso é imprescindível que por meio de votação pelo Supremo Tribunal Federal haja a descriminalização do aborto, de modo que as mulheres possam se sentir seguras ao procurar uma unidade de saúde em casos de abortos, para assim diminuir ao menos o número de mortes dessas mulheres, e , junto a isso, iniciar-se uma discussão social a respeito do assunto, por meio de palestra em escolas e unidades de saúde, para que o tema deixe de se tornar um fato social e que possa vir a ser abordado. de maneira individual, analisando a experiência e motivação de cada mulher, principalmente, para respeitar seus direito legais e sociais