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Enviada em: 18/02/2018

No limiar do século XX, uma em cada cinco mulheres já recorreu ao aborto ilegal no Brasil,mostrando,dessa forma, que independente da legalidade, o aborto sempre irá ocorrer.No entanto, a questão social é um fator definitivo para o sucesso do abortamento.Se por um lado, a DUDH (Declaração Universal dos Direitos Humanos) garante a qualquer indivíduo o direito à vida, por outro, a gravidez e o parto necessariamente fazem parte da vida das mulheres.         Mesmo que a DUDH garanta que todas as pessoas tenham direito à vida,não existe um consenso na área da saúde sobre o momento em que o feto se torna uma pessoa.Portanto, tal definição é muito subjetiva e varia de acordo com a construção social de determinados grupos.Sendo assim,a definição de feto na sociedade brasileira pode ser motivada pelo fato de a população brasileira ser majoritariamente religiosa.Um exemplo disso são as igrejas que adotam uma postura contrária aos métodos contraceptivos,como a camisinha.Essas proibições deixam o planejamento familiar quase impossível,provocando uma gravidez indesejável no futuro e consequentemente o aborto realizado,muitas vezes, escondido e contra a vontade da mulher, uma vez que esse ato vai contra a sua própria religião.       Contudo,diante de tantos impasses frente ao problema do tema,ainda há outro contexto para o agravamento do mesmo.Sem dúvidas, muitas pessoas não concordam que o aborto é uma decisão íntima da mulher independente do motivo,mas é indubitável que ele irá continuar ocorrendo com ou sem legalização.Ou seja, mesmo que a mulher não possa realizar o aborto nas condições legais e queira fazê-lo, ela pode optar por uma das milhares clínicas clandestinas que existem no país.No entanto, uma clínica com bons recursos e profissionais terá um custo financeiro muito alto, visto que não existe nenhum tipo de regulamentação.Por isso, cada clínica cobrará o quanto quiser e apenas as mulheres com boa condição financeira poderão custear o abortamento seguro. Como resultado, as gestantes pobres têm grandes números de abortos mal sucedidos ,podendo provocar até suas mortes.        Infere-se,portanto,que a não legalização do aborto é uma atitude inaceitável,pois abre brechas para clínicas clandestinas que só serão custeadas por mulheres de alta renda.Cabem aos hospitais públicos,com o apoio e incentivo do Ministério da Saúde,prestar serviços a qualquer gestante que solicite o aborto, por meio de simplificações no procedimento de sua autorização , como por exemplo,a liberação do aborto até 12 semanas após o início da gravidez.Oferecendo,dessa forma,a segurança e os recursos que a grávida precisa,diminuindo,assim, o número de mortes das gestantes por causa do abortamento e o número de clínicas clandestinas.