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Enviada em: 02/04/2018

Dúvidas, angústias, medo, solidão, são sentimentos partilhados por mulheres quando pensam em realizar um aborto. Já é consenso que uma gestação deveria ser interrompida, somente em última instância, pois muito se sabe sobre métodos contraceptivos e seu alcance. Atualmente no país são três as possibilidades para se abortar: situação de risco para a mãe, feto anencéfalo ou quando o concepto é resultado de um estupro. Desta maneira, o ato de abortar no Brasil torna-se um processo difícil e litigioso, que não abarca todas as possibilidades e necessidades das mulheres em um momento tão delicado.       Tais circunstâncias levam milhares de brasileiras a realizarem abortos inseguros todos os anos, resultando, muitas vezes em óbitos, esterilidade e outros agravos à saúde. A questão do aborto no Brasil ainda não ganhou seu espaço dentro da lógica da saúde da mulher, por não ser este um direito fundamental. Além disso, o tema esconde problemas de fundo social e racial, uma vez que as que mais sofrem com a falta desta política, são as mulheres negras e pobres.        A política pró-aborto no Brasil é cerceada por grupos que buscam maneiras de impedir com que as mulheres tenham acesso a esse direito, criando projetos de lei, que criminalizem as mulheres que abortam. Represálias também sofrem as equipes de saúde voltadas para estes  cuidados, pois culturalmente, o assunto é vedado. É importante ressaltar, que em países onde esta política foi implantada, os índices do procedimento tendem a diminuir rapidamente.        É salutar que o tema faça parte das políticas básicas de saúde. O Estado deve continuar assistindo às mulheres, com canais de comunicação e mais centros de referência. O terceiro setor deve lutar para elas que sejam ouvidas; através de campanhas de valorização do feminino e cuidar para que efetivamente hajam mais mulheres na condução da política nacional e as pessoas devem ser orientadas, nas escolas e nas famílias, para que tenham mais acesso à saúde e ao planejamento reprodutivo.