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Enviada em: 14/03/2019

No livro Iracema, do escritor José de Alencar, os indígenas são caracterizados como essenciais para a construção da nação brasileira. De fato, é incontrovertível que, fora da literatura, esse cenário dá espaço a uma sociedade que enxerga os nativos apenas como uma parte incivilizada da população. Frente a isso, instala-se a exacerbada desvalorização desses indivíduos, com rastilho histórico-social, que urge ser combatido.       É válido salientar, antes e tudo, a gênese cultural do país baseada no eurocentrismo. Sob esse aspecto, a desvalorização indígena encontra raízes históricas, haja vista o processo civilizatório promovida pelos portugueses, que consideravam os índios como selvagens por não terem a mesma organização social europeia. Assim, de maneira análoga a Ação social tradicional do sociólogo Max weber, os valores culturais são solidificados e reproduzidos ao longo dos anos e, dessa forma, a visão etnocêntrica europeia permanece na sociedade brasileira ainda como uma herança da colonização. Prova disso, é a imposição do Português como língua oficial do país, enquanto que a deles são classificadas como dialetos indígenas.        É necessário analisar, ainda, a violência físico-social sobre os nativos. Diante dessa lógica, os conflitos de campo com latifundiários e as falhas governamentais para com a demarcação de terras, atuam como cofatores para a persistência da desvalorização da cultura indígena. Nesse viés, a inércia legislativa, além de chocar-se com os direitos promulgados pela Constituição de 1988- que concedia a equidade e o direito dos índios sobre a terra, vai de encontro, também, com a preservação do patrimônio cultural imaterial brasileiro, tendo em vista a massiva violência sobre esses indivíduos, que pode exterminar uma das culturas formadoras do país.        Infere-se, portanto, que a desvalorização indígena é causada, sobretudo, pelo etnocentrismo, aliado aos interesses financeiros do Estado. Logo, urge a atuação das escolas, que terá o papel de fragmentar o eurocentrismo, promovendo debates e palestras com índios, em que ele mostrará sua cultura, no intuito de desmitificar esses povos e promover a valorização. Ademais, cabe ao Ministério Público o financiamento de órgãos como a FUNAI (fundação nacional do índio), responsável por proteger os direitos indígenas, garantindo seus direitos constitucionais, pois, só assim, o índio terá uma valorização como a feita por José de Alencar.