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Enviada em: 27/02/2019

No MS há uma tribo chamada Guarani-Kaiowá que, sobretudo após conflito territorial em 2012, apresenta uma taxa de suicídio crescente entre seus jovens. Com a ameaça a seus rituais e a constante invasão a suas terras o que lhes resta é um ato de desespero, quem sabe de protesto. Essa é a realidade da questão indígena no Brasil, que envolve a discriminação étnica e, fundamentalmente, os conflitos agrários. Até a Constituição de 1988 a política indigenista estava focada na incorporação do índio à sociedade. Apenas com essa nova Constituição os indígenas foram reconhecidos por sua organização social, cultura e direito à suas terras de origem, mas infelizmente, não foi o suficiente para acabar com a violência identitária e discriminação. Como reflexo de uma educação baseada na visão colonizadora perpetua-se ainda a visão reducionista e estereotipada desta minoria. Um exemplo é o dia do índio que ao invés de educar acerca da cultura indígena apenas reduz o índio a uma fantasia uma vez por ano. A principal necessidade hoje é não só o combate a discriminação como também a garantia de suas terras já prevista por lei mas colocada em xeque devido ao avanço das fronteiras agrícolas e seus consequentes conflitos, como ocorreu na tribo do MS. A grilagem, por exemplo, força a migração indígena e é ainda mais grave quando analisada em conjunto com o processo de demarcação de terras que é burocrático e de fiscalização ineficiente. A questão indígena, portanto, será resolvida quando a constituição for respeitada e os índios seus direitos verdadeiramente garantidos. Para isso cabe ao MEC promover a abordagem cultural dessas comunidades na matriz escolar de forma a estimular o conhecimento não apenas na visão do colonizador e ao longo de toda a formação escolar. Deve-se também aperfeiçoar os dispositivos legais como a FUNAI e SPI, intensificando não só as medidas de interdição da exploração predatória destas terras como também a remoção de invasores. Afinal, os verdadeiros representantes do atraso não são os índios mas aqueles que se pautam por visões preconceituosas e ultrapassadas de progresso.