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Enviada em: 02/03/2019

A primeira fase do Romantismo brasileiro, a indianista, tinha como característica a exaltação do índio como herói Nacional, como é possível analisar na obra "Iracema" de José de Alencar, importante escritor indianista brasileiro. Entretanto, fora do contexto literário, a realidade é paradoxal, uma vez que é indubitável que ainda há empecilhos para o alcance de uma sociedade harmônica no que concerne à questão indígena no Brasil. Nesse sentido, a falta de representatividade política em consonância com preconceito sociocultural arcaico manifestam-se como causas da manutenção do imbróglio no Brasil hodierno.       A priori, é preciso salientar que a inobservância por parte do poder público corrobora o impasse social. A Constituição Federal de 1988- Carta Magna vigente no Brasil- prevê no artigo 231° os direitos sociais da população indígena. No entanto, tal prerrogativa legal não reverbera-se com ênfase na prática, visto que a cultura indígena tem sido deixada às margens sociais pelo poder público. Atrelado a isso, a falta de políticas públicas voltadas à demarcação de terras indígenas, e de programas educacionais que visam a manutenção da cultura e valorização do índio na sociedade, evidenciam esse caótico quadro de carência governamental.       Ademais, o preconceito histórico contra a figura do índio colabora para que a problemática se enraize no Brasil. É incontrovertível que a cultura indígena foi subjugada com a chegada de portugueses ao Brasil. Sendo assim, é possível notar que parte do preconceito social contemporâneo é fruto de raízes históricas de dominação cultural europeia. Segundo o sociólogo Émile Durkheim, fato social é toda maneira coletiva de pensar e agir, dotada de coercitividade e exterioridade. Portanto, a hostilidade a cultura indígena no Brasil manifesta-se como fato social, dado que transcende gerações.          Diante os argumentos supracitados, fica evidente que medidas urgem para resolução do impasse. Destarte, o governo, por meio do Ministério da Justiça, precisa garantir os direitos à população de indígena previstos na Constituição. Outrossim, por meio do Ministério da Educação e Cultura, o governo, em parceria com ONGs, poderá criar campanhas, cartilhas educativas e palestras nas escolas, voltadas a toda comunidade, que visam o debate sobre a importância da manutenção dos direitos e cultura indígena na sociedade, no intuito de, aos poucos, romper paradigmas sociais e preparar uma nova geração que encarre o índio com exaltação como o caso da literatura romântica indianista.