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Enviada em: 12/03/2019

Com a carta de Pero Vaz de Caminha, a exploração e dominação europeia tiveram seu prelúdio nas terras tupiniquins. Nesse cenário, a omissão da Coroa portuguesa e a crença na superioridade europeia imperaram, tendo com fruto inegável a descaracterização da cultura nativa, além da exploração: como a escravidão. Com efeito, evidencia-se a necessidade de discutir e problematizar a contemporânea questão indígena no Brasil, em face ao seu lastimoso histórico.    Deve-se pontuar, de início, que, segundo o dramaturgo André Mabraux, a cultura ajudou o homem a ser menos escravizado no decorrer da história. Nessa lógica, é notável que a descaracterização da cultura dos povos nativos, realizada pela igreja católica com respaldo estatal, tenha resultado na fragilização de suas estruturas sociais, além de ter prejudicado quanto à resistência frente ao colonizador. Quanto a essa questão, é inegável, que no hodierno os indígenas não se identifiquem com sua cultura ancestral, nem com a urbana, posto seu histórico de oprimido.    Além disso, é válido ressaltar que a exploração indígena tem origem colonial com o escambo, o qual consistia na troca de mercadorias portuguesas sem valor comercial por pedras preciosas e pau-brasil, além disso, era prática dos estrangeiros instigar o conflito entre diferentes tribos. Nesse contexto, é notória a raiz secular de violência e exploração para com os conterrâneos, as quais atualmente tangem no conflito pela demarcação de terras. Essa problemática gira em torno do interesse dos agricultores a fim de expandirem suas terras, ao passo que os nativos buscam a demarcação de reservas, e, em áreas já demarcadas, o clamor é por assistência governamental. Desse modo, infere-se a urgência da demarcação de terras indígenas.    Pode-se concluir, portanto, que a questão indígena no Brasil é secular e complexa, com sua origem em concepções eurocêntricas equivocadas. Nesse sentido, urge ao estado um maior repasse de verbas para a FUNAI(Fundação Nacional do Índio), a fim de acelerar o processo de demarcação de terras indígenas, por meio de pesquisas antropológicas confirmando a ancestralidade indígena, logo, o usufruto da terra. Outroassim, o MEC(Ministério da Educação), também deve auxiliar nessa reparação histórica, por meio da inclusão no currículo nacional escolar da histórica indígena tupiniquim, narrada por uma pespectiva não colonizadora, com a finalidade de sensibilizar os jovens, evitando dessa forma a reincidência dos abusos anteriores para com essa comunidade. Dessa forma, poder-se-à mitigar os desdobramentos da carta de Pero Vaz de Caminha.