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Enviada em: 18/03/2019

A carta de Pero Vaz de Caminha apresentou,sob viés etnocêntrico, a figura europeia como superior diante da população indígena Guarani.Embora passados quinhentos anos, o conteúdo segregacionista da carta ainda é aplicável ao contexto brasileiro,em que se observa a dificuldade de integração do indígena na sociedade.Esse cenário é resultado inquestionável da marginalização do índio pelo corpo social.Assim, é indubitável que a atribuição de estereótipos à etnia nativa , em comunhão com a falha estatal na preservação cultural e territorial , são os principais  fatores no que tange ao aprofundamento dessa  realidade.    É notável que a atribuição de estereótipos ao indígena, por parte da população, concretiza e alicerça a dificuldade de inserção deste no campo social. Evidentemente ,essa conjuntura ocorre porque a visão do índio como figura folclórica distorce o exercício da cidadania dessa etnia , e consequentemente, assinala a dificuldade de garantia de seus direitos. Sendo assim, o indígena ainda relaciona-se à reificação e mitificação abordadas por José de Alencar, em "O Guarani",já que a visão lendária do nativo, a qual o romance sugere , impele as necessidades sociais e assinala o desleixo da população.   Outrossim, é necessário apontar que a falha na efetivação de política públicas voltadas para segurança da população nativa, e a seu atendimento,reforça a marginalização dessa etnia.Esse cenário advém da incompetência do Estado em lidar com a preservação territorial e cultural do índio. Exemplo disso, foi o genocídio do povo Guarani-Kaiowa , no Mato Grosso do Sul,cuja repercussão do caso denunciou a instabilidade e a invasão às reservas nativas, devido a ausência de segurança e monitoramento nesses lugares. Destarte ,à medida que os direitos étnicos não são garantidos  agravam-se as dificuldades de manutenção dos indígenas na sociedade.     Em síntese, conclui-se que a marginalização do índio perante o corpo social e o Estado, a qual é guiada por estereótipos e falhas políticas ,é o cerne da dificuldade de integração indígena na sociedade. Desse modo, é essencial que o Governo Federal implemente políticas públicas , as quais irão atuar em parceria com a FUNAI (Fundação Nacional Indígena ) através da ampliação da fiscalização e do monitoramento de territórios nativos, além de promoverem medidas socioeducativas para participação do índio na sociedade. Dessa forma, espera-se que essas diretrizes possibilitem a emancipação do índio no campo social e determinem o fim da visão retrógrada de quinhentos anos atrás,a qual segrega a cultura indígena.