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Enviada em: 21/03/2019

Os avanços das frentes bandeirantistas para o interior formaram um dramático capítulo da formação territorial brasileira. A demanda por escravos fez surgir um lucrativo comércio para os bandeirantes paulistas que se organizavam em expedições de captura indígena para o trabalho escravo. Hoje, apesar de menos legitimados, o preconceito e o desrespeito a essa população ainda compõem o cenário nacional, seja por desconhecimento de causa, seja por ganância ruralista e ineficiência estatal.         Inicialmente, é válido considerar a histórica e distorcida esteriotipação atrelada ao índio. Ora caracterizado como um povo sem fé e sem lei, ora enaltecido como herói nacional. A verdade é que as pré concepções estabelecidas e o desconhecimento de grande parcela da sociedade brasileira quanto à cultura, à sociedade, e ao modo de viver dos indígenas, impedem que esse grupo possa ter uma fidedigna representação coletiva, bem como acesso irrestrito aos seus direitos previstos constitucionalmente. A superficialidade com a qual a história desses indivíduos é exposta nas salas de aula, nos meios de comunicação e na ficção engajada, como em filmes e novelas, é um dos principais motivos para o enraizamento de preconceitos.          Soma-se a isso os interesses comuns aos índios e aos grandes latifundiários: terras. A garantia constitucional do direito à terras demarcadas, todavia, não é o bastante para impedir que ruralistas avancem sobre terrenos indígenas. Sem dúvidas, demarcar sem fiscalizar não traz eficiência. A conivência estatal para com os ruralistas expressa-se na aprovação da PEC 215 que transferiu a demarcação de terras indígenas do Executivo, a cargo da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), para o Legislativo, a cargo dos próprios congressistas.             Nessa perspectiva, faz-se necessário combater as causas desses impasses, e não apenas seus efeitos mais evidentes. Para desconstruir esteriótipos a escola é o principal agente transformador. Portanto, urge que o Ministério da Educação garanta a aplicabilidade da lei 11.645 que obriga o estudo da história e cultura indígenas em todas as escolas por meio tanto de aulas teóricas e documentários - como o documentário "Indígena, a luta dos povos esquecidos -, quanto da presença de representantes silvícolas nas salas de aula, com o fito de que esse contato mais próximo possibilite o entendimento de que esse é um segmento do tecido social brasileiro. E adição, o Estado não pode permanecer inobservante, mas ativo e eficaz para que os indígenas desfrutem plenamente dos seus direitos à terra, à saúde e à preservação da sua cultura.