Enviada em: 31/03/2019

Os painéis da obra "Guerra e Paz", de Cândido Portinari, podem evidenciar a dualidade no papel do índio contemporâneo, que, por um lado, é protagonista na disputa por terras, e, por outro, é símbolo não só da história do Brasil, mas também da preservação das matas nativas. Assim sendo, a acentuada perda de direitos, negligência quanto à saúde e a exclusão social são problemas que afligem visceralmente o indígena nos dias atuais.   Há um conflito entre dois modelos de produção e exploração da natureza: o agronegócio e a agroecologia. Os índios, pertencentes ao segundo modelo, sofrem com a ausência de reconhecimento formal de suas terras, que são tomadas indevidamente por grandes latifundiários, consoante ao que é retratado entre 1940 e 1960, no documento intitulado "Relatório Figueiredo". Outrossim, é comum a ocorrência de pulverização de veneno  por aviões agrícolas nas terras indígenas, a mando de líderes do primeiro modelo. Desta forma, os nativos são alvo de mutilação pela ganância.   Já no que tange à saúde, muitas tribos sofrem com a falta de assistência da mesma. Frequentemente, os índios são associados ao isolamento, o que gera não só o racismo e preconceito por parte da sociedade, mas também o desamparo da rede médica e farmacológica pública, bem como a ineficácia do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, criado em 1999, mas que não discutiu o conceito de saúde indígena, nem forneceu resultados satisfatórios.   Destarte, medidas são necessárias para resolver o impasse. É preciso que haja, nas escolas, palestras, ministradas por antropólogos, para que deixe de existir o preconceito diante dos índios; já quanto à saúde, a Receita Federal deve ceder verba para que o SUS atenda às necessidades das tribos, de acordo com mapeamentos das deficiências de cada uma, feitos pela Funai; e, por fim, a Justiça Federal deve oferecer proteção às terras indígenas, para que os donos dela sejam vistos como sujeitos de direitos. Apenas assim o índio será "Paz" e terá sua integridade preservada.