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Enviada em: 08/04/2019

"Você não consegue me olhar. E, se me olha, não consegue me ver". Mesmo existindo o Artigo 231 da Constituição Federal - que garanta respeito às tradições, costumes e terras - o trecho musical, entoado pelo grupo guarani Bro Mc's, é a realidade de diversos povos indígenas. Apesar da extrema contribuição dos índios para a cultura, história e sociedade, na contemporaneidade, eles têm seus direitos desrespeitados no Brasil. Isso se evidencia, não só pela perpetuação de preconceitos históricos como também pela política econômica adotada.         Inicialmente, um entrave é a existência de conflitos  envolvendo as terras indígenas e o modelo  econômico agropecuarista do país. De fato, tal atitude se relaciona, ainda, à visão exploratória do século XVI, em que portugueses apropriaram-se de terras indígenas como forma de lucro para exportação de produtos. Um exemplo da continuidade dessa ação é a PEC-215 que, na atualidade, destina a marcação de terras ao cargo do Congresso, no qual maioria defende o avanço da fronteira agrícola. Nessa situação, a longo prazo, os "portugueses de hoje" ao dominar  territórios indígenas  influenciará a perda da própria cultura, não só de um povo, mas de toda a nação.         Outro desafio enfrentado é a falta de conhecimento que proporciona uma perpetuação de estereótipos e preconceitos. A visão eurocêntrica,  desde a carta de Pero Vaz de Caminha,  considera o indígena como um ser inferior, preguiçoso e incapaz de escolha, dificultando o engajamento popular na defesa da aplicabilidade de direitos. A falta de discussões e visibilidade desses povos só mostra que, assim como cantado pelo Bro Mc´s, os índios acabam excluídos da sociedade, não sendo vistos como cidadãos.           Portanto,  a fim de garantir que a população indígena tenha, de fato, pleno acesso aos direitos estabelecidos por lei, é necessário a desconstrução de paradigmas e preconceitos que se perpetuam desde o Brasil pré-colonial de 1500. Cabe ao Ministério da Educação, mediante a implementação obrigatória  na grade curricular , realizar adaptações no estudo da cultura indígena, enfatizando a sua participação no processo de construção da identidade nacional. Assim, por meio de análises históricas artísticas e literárias, como a visão quinhentista, romântica e modernista, professores da área de humanas conseguirão levar para a sala de aula discussões que mobilizem a sociedade, fornecendo um maior senso crítico social.