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Enviada em: 14/04/2019

Na primeira geração do Romantismo brasileiro, a literatura versava o protagonismo indígena no Brasil como forma de exaltação nacionalista. A obra literária Iracema, romance indianista do escritor José de Alencar, retrata um amor improvável entre uma índia e um colonizador português no início do processo de colonização efetiva da costa brasileira, mostrando os conflitos existentes entre esses povos. Atualmente, mesmo após avanços nos direitos desses cidadãos, a questão do índio no Brasil configura um grave problema – sendo retrógrado e inercial – em virtudes de raízes históricas e fatores econômicos.   Convém ressaltar, a princípio, que a exclusão do cidadão indígena remonta um legado histórico. Desde o Período Colonial, a discriminação aos nativos tem sido reforçada em um contexto de ódio e apropriação. Nesse contexto, em virtude do pensamento português de soberania, os índios foram desconsiderados enquanto cidadãos brasileiros, com uma discriminação enraizada em parte da sociedade, já que até mesmo a história oficial - ensinada nas escolas - refere-se a um "descobrimento" do País. Dessa maneira, os preconceitos aos povos indígenas se perpetuam até hoje, consequência de um passado excludente.   Destarte, além da questão hitórico-social, fatores econômicos influenciam a questão. Segundo o filósofo Jean-Paul Sartre, a violência, independente de como ela se manifestar, é sempre uma derrota. De acordo com dados divulgados pelo G1, cerca de 137 indígenas foram mortos, onde a maioria foram assassinados em conflitos por terras. Essa violência contra o índio faz parte da realidade ligada à posse de terra, em especial no que concerne o agronegócio. Sabe-se que o agronegócio é uma atividade lucrativa e que ocupa expressivas propriedades de terras. Entre elas, terras indígenas não-demarcadas, gerando conflitos com os nativos.  Logo, o MEC, em parceria com a Funai (Fundação Nacional do Índio), produzir conteúdos didáticos para a disciplina de História, a fim de reformular a descrição da colonização portuguesa, garantindo o reconhecimento dos indígenas enquanto povo brasileiro. Em conjunto, o Estado deve demarcar terras indígenas mais expressivas, criar leis e impedir que a pecuária e a agricultura avance para essas terras, assim, assegurar sua preservação por meio de uma fiscalização coerente, com o intuito de combater a violência feita aos índios vítimas todos os anos. Desta forma, será possível reverter um passado de conflitos e preconceitos, narrado por José de Alencar, e tornar provável o amor vivido por Iracema na contemporaneidade.