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Enviada em: 30/04/2019

A continuação da carta de Caminha     "O melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar essa gente". Esse é um trecho da carta de Pero Vaz de Caminha, escrito no período colonial, onde conta sobre a presença de um povo que, sob os olhares eurocêntrico, precisava ser civilizado: os índios. Apesar de antiga, a carta continua fazendo sentido nos dias atuais, pois os povos indígenas, então, uma vez destituído de terra e voz, continuam sendo marginalizados. Nesse sentido, pode-se analisar que essa problemática persiste por ter raízes históricas e econômicas.   Em primeiro lugar, é necessário encarar o fato de que nós, os brasileiros do século XXI, ainda pensamos como os portugueses do século XVI quando julgamos a cultura indígena, considerando-os selvagens e colocando em segundo plano a sua participação na sociedade. Exemplo disso é como o índio é retratado na obra "Macunaima" de Mário de Andrade, escrito no período do Modernismo: o herói sem nenhum caráter. Desse modo, nos colocamos como centro, e a eles como bárbaros, mais de 300 anos após a colonização.    A questão cultural não é, contudo, o único problema. Além de tudo, as tribos indígenas brasileiras ainda têm de batalhar pela terra. Isso porque a bancada ruralista do nosso país vem tomando terras indígenas para destinar sua atividade comercial e obter cada vez mais lucros. Lembrando que, a Constituição Federal consagra direito indígena de manter terras, modo de vida e tradições, porém o Poder Executivo não o efetiva, consequentemente os casos de genocídios tende a aumentar, como exemplo do bebê indígena morto após levar um tiro.    Essa é, portanto, uma situação que não podemos mais sustentar. Encarar os índios como invasores, negando-os terra, cultura e identidade. Para tanto, é necessário que, primeiramente, a FUNAI e o Ministério público, tratando com prioridade, agilizem as demarcações de terras e o seu comprimento, garantindo a vida e o sustento desses povos. Ademais, as escolas em parceria com ONGS, devem abordar a história e a importância desse povo para a cultura do Brasil, convidando-os para palestrar e desmistificar preconceitos. Assim, sanaremos a dívida dos nossos colonizadores e colocamos um fim à carta de Caminha.