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Enviada em: 07/05/2019

Na obra de José de Alencar — O Guarani— o índio Peri, o protagonista da narrativa, é retratado por esse brilhante romancista como um herói destemido que valoriza a sua cultura, a vislumbrar na mesma o seu prodigioso alicerce para a desenvoltura de seus feitos homéricos. No entanto, fora ficção, a imagem indígena não é devidamente valorizada e respeitada em nossa sociedade, uma vez que que a mesma sofre, constantemente, com os preconceitos oriundos de nosso passado histórico, como também com a sua luta incessante pela preservação de sua cultura. Em vista disso, faz-se necessário estabelecermos um debate a respeito da questão do índio no Brasil contemporâneo.      Em primeira análise, o processo de colonização brasileira foi “caranguejeiro”, isto é, iniciou-se no litoral e, vertiginosamente, expandiu-se para o interior do país, conforme o historiador Sérgio Buarque de Holanda. Em paralelo, esse processo expansionista foi mediado, sobretudo, pelo conhecimento dos povos ameríndios, posto que os mesmos detinham uma habilidade ímpar com o território outrora desbravado. Contudo, hodiernamente, a capacidade e as experiências dos índios, em face de nossa sociedade, tornaram-se aviltadas e, inúmeras vezes, rejeitadas pela nação brasileira. Nesse sentido, a visão preconceituosa que impera sobre esses segmentos sociais deverá ser, irremovivelmente, mitigada em nosso país.       Outrossim, é notório destacar que a cultura indígena encontrar-se em constante ameaça em nossa sociedade, visto que a mesma sofre um oneroso processo de aculturação. Entretanto, ao permitir o processo supracitado, a relação de alteridade que há nos povos ameríndios é, potencialmente, agravada, já que a língua e aprendizados desses grupos acabam a perder-se no tempo e, em decorrência disso, não são transmitidos aos seus descendentes. Nesse âmbito, é imprescindível a preservação dos conhecimentos indígenas para que a cultura sofra, constantemente, a sua manutenção em nossos meios sociais.       Destarte, é mister que o Estado, em consonância com o Ministério da Educação e Cultura, promova a valorização do saber indígena em nossa nação, por meio de palestras e campanhas audiovisuais ministradas por professores de sociologia, como a exemplificar o extraordinário universo ameríndio no Brasil desde sua descoberta pelos colonizadores no século XVI até o hodierno, com o fito de atenuar tanto o processo de aculturação, assim como o preconceito que esses grupos vivenciam na sociedade. Com isso, atingir-se-á, conforme no romance de José de Alencar, a memória inatingível dos índios em nossas terras tupiniquins.