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Enviada em: 25/05/2019

Mais um conto machadiano    O conto “Um Apólogo” escrito por Machado de Assis, retrata um diálogo entre uma agulha e uma linha, em que elas buscam entre si definir quem possui a superioridade no ato da costura. Logo, trazendo essa crítica ao âmbito cultural, percebe-se sua correlação com o conceito de Etnocentrismo, usado pelos europeus para justificar seu domínio sobre povos indígenas, entre eles, o brasileiro. Atualmente, ainda se nota resquícios da visão do colonizador sobre o “ser índio” e, além disso, a consequente diminuição dessa população tão importante para o histórico nacional.    Em primeiro lugar, é importante ressaltar os fatores que contribuem para o fato de o indígena estar à margem da sociedade. Simplista e generalizante, estas são as palavras que definem o que representa o termo “índio” quando empregado para as diversas tribos brasileiras. Tribos estas, marcadas pela pluralidade e diferenças discrepantes entre si, que quando abarcadas por um único termo, se torna pejorativo. Somado a isso, têm-se a visão do indígena como algo à parte do Brasil, fato observado quando se analisa sua língua considerada um dialeto e sua cultura como folclore nacional.     Bem como, observa-se uma gradativa diminuição do número de indígenas brasileiros. Esta redução é causada em grande parte pelo preconceito atribuído a eles, decorrente de estereótipos antigos, o que dificulta o ato de se autodeclarar como indígena e sentir orgulho por isso, por pertencer a uma das poucas sociedades que mantém uma cultura secular, mesmo sofrendo constantes pressões capitalistas por modernização e monetização de produtos e serviços.    Fica claro, portanto, que medidas precisam ser tomadas para que a identidade indígena ganhe relevância cultural. Logo, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) juntamente com o Ministério de Educação (MEC) podem organizar em instituições de ensino, eventos como uma “Semana do Índio” em que se trabalhe com alunos e a comunidade o histórico das tribos indígenas, demonstrando seus costumes, danças, crenças, outros elementos culturais e se possível uma conversa com o próprio indígena, para que assim, desde jovens, a população tenha conhecimento da relevância do indígena para a construção da identidade brasileira, e assim, como a agulha e a linha ao final do conto machadiano perceberam sua interdependência, a sociedade brasileira também reconheça a indígena como elemento indissociável de sua atual formação cultural.