Materiais:
Enviada em: 13/06/2019

Pero Magalhães de Gândavo, historiador e cronista português, ao tentar descrever o índio à corte portuguesa afirma que no vocabulário dos nativos não haviam as letras F,L e R, visto que, não tinham fé, lei e rei. Nesse aspecto, os portugueses desconsideraram totalmente a cultura e autonomia dos índios, impondo-lhes valores europeus.No que tange a questão do índio no Brasil contemporâneo, existe uma concepção arraigada dentro da sociedade que animaliza completamente o índio, discriminando-o e excluindo-o do debate público. Ademais, os interesses da produção agrária provoca impactos na demarcação das terras indígenas que poderá colocar em risco a qualidade de vida desse grupo e do meio ambiente.      É evidente que o pensamento eurocentrista ainda permanece arraigado na sociedade brasileira,e, consequentemente, os índios são encarados com indiferença e hostilidade. Por esse ângulo, a população não se importa em valorizar a cultura nativa do país e prefere importar preconceitos e valores do Velho Mundo. Contudo, o filósofo Michel de Montaigne no século XVI exprime: "Penso que há mais barbárie em comer um homem vivo do que morto", uma crítica ao pensamento eurocentrista que condenava os rituais antropofágicos dos indígenas,e, em contraposição, Montaigne ataca a situação de fome, desigualdade e guerra no seu continente. Desse modo, a cultura europeia não é absoluta e inabalável, uma vez que, desrespeitam a própria moral cristã e menosprezam a vida humana.       Além disso, a mentalidade desenvolvimentista do Brasil se apoia totalmente na agricultura, algo que suprime a priorização de uma demarcação justa das terras indígenas. Nesse sentido, se tronou mais viável o enriquecimento por commodities em relação à proteção da cultura nativa do país e do meio ambiente. Nesse segmento, segundo o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), a demarcação e proteção de cerca de 30 milhões de hectares de terra indígena na Amazônia gerou uma queda de 37% do desmatamento aumetando o sequestro de carbono. Destarte, a demarcação é mais positiva para a cultura e para a natureza do país, já a agricultura se torna um investimento de risco.      Dado o exposto, é necessário que o Ministério da Cidadania, por intermédio da Funai (Fundação Nacional do Índio), elabore semanas culturais focadas na valorização da cultura índigena  nos centros de arte e educação do municípios brasileiros.Nesse contexto, se promoverá palestras e debates dentro das instituições de ensino com a presença de membros de tribos brasileiras, além de apresentações de dança,música, culinária e filmes que abordem a perspectiva dos nativos com relação a sociedade. Só assim, o índio será inserido dentro da cultura e se desconstruirá o mito de sua falta de fé, lei e rei.