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Enviada em: 05/07/2019

Brasil indígena: uma nação silenciada     Guarani kaiowá, tikuna, xavante, yanomami. Cerca de 250 línguas indígenas são faladas no Brasil. Entretanto, percebe-se que esses falantes não possuem voz perante a sociedade e seus direitos a terra e costumes, garantidos pela Constituição Federal de 1988, são sistematicamente desrespeitados.  Em consequência, tais populações são colocadas sob preocupante risco de expropriação territorial e cultural, em evidência disso, o Conselho Indigenista Missionário contabilizou o assassinato de 253 indígenas em mato Grosso do Sul, entre 2003 e 2010.      A princípio, para o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, na modernidade, populações e atividades tradicionais, não associados à acumulação de capital, são entraves à evolução do modelo de desenvolvimento escolhido e, por conseguinte, considerados inaptos ou deslocados. Essa situação de exclusão e desigualdade é percebida nas dificuldades enfrentadas por povos indígenas para se manterem em seus territórios. Com efeito, o avanço da fronteira agrícola gera constantes conflitos com latifundiários, os resultados são invasões e massacres de índios. Além disso, o problema é agravado pela ausência de representantes indígenas no poder, por isso impotentes para realizar medidas em seu favor, o Congresso Nacional em 2019, por exemplo, tem uma deputada índia, enquanto a bancada ruralista, a qual representa os interesses do agronegócio, conta com um centena de deputados.                  De outra parte, persiste uma visão estereotipada da população nativa em meio à sociedade brasileira, fruto do desconhecimento sobre história e cultura das tribos espalhadas pelo país. Nesse aspecto, a indiferença quanto aos índios ameaça a memória brasileira como um todo, haja visto que esta é influenciada diretamente pelas outras em seus costumes, língua, entre outros elementos com influência marcante no cotidiano dos brasileiros, tal como o cultivo e consumo de alimentos como mandioca e tapioca. Nesse sentido, a aculturação é um processo alarmante e por isso a importância de reconhecer o índio como parte inerente à cultura nacional, aceitando suas especificidades.       Urge, portanto, redirecionar esforços para solucionar a problemática relacionada aos índios no Brasil. Cabe aos governadores, por meio do aparato policial, reprimir ostensivamente a atuação de milícias de latifundiários em terras indígenas no interior do país, com intuito de oferecer segurança àqueles que vivem nesses locais e evitar que sejam expulsos de suas terras originárias.  Ademais, é dever do Congresso, mediante políticas públicas, criar cadeiras reservadas para indígenas para possibilitar a proteção de seus direitos e criação de medidas que assegurem sua terra e cultura, dessa forma sua voz será verdadeiramente ouvida.