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Enviada em: 13/07/2019

O modernismo, movimento literário do século XX, defendia a reconstrução da cultura brasileira sob bases nacionais, ou seja, lutava pelo fim dos valores estrangeiros na arte do país. Nesse contexto, o índio se tornou o símbolo da causa, sendo-lhe atribuído o título de "herói nacional". No entanto, ao analisar a questão indígena no Brasil contemporâneo, percebe-se a existência do não reconhecimento sociocultural e territorial da mesma.  A priori, cabe ressaltar que, mediante uma visão judaico-cristã, as práticas culturais dos índios são vistas como "pagãs". Entretanto, o preconceito etnocêntrico não é um evento atual, mas sim uma questão histórica, na qual Portugal, em suas missões jesuíticas, tinha como foco a catequização dos nativos; em outras palavras, os lusitanos almejavam o processo de aculturação destes. Atualmente, o processo de alienação ocorre a partir da omissão dos direitos das comunidades indígenas que são garantidos pela Constituição de 1988, tais como liberdade de expressão e a posse de terras.  Outrossim, a demarcação de terras indígenas não acontece de modo efetivo, uma vez que isso afeta os interesses das empresas do setor privado que vêem na Amazônia Legal - região que abriga terras nativas - um meio para exploração de recursos naturais, além da implantação de construções de hidrelétricas, como a de Belo Monte, por exemplo. Nesse sentido, a Fundação Nacional do Índio (Funai) - órgão encarregado pela identificação, demarcação e monitoramento desses territórios - enfrenta limitações políticas e orçamentárias que limitam a atuação do instituto nessas questões. Como resultado, segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), os índios que se opuseram aos interesses capitalistas e lutaram pela preservação de seu território foram mortos em 2017, um total de 1701 casos de homicídios.  Destarte, urge, em primeira instância, que o Governo Federal, em ação conjunta com a Funai, demarque as terras indígenas, por meio da execução do Artigo 231 da Constituição, a fim de que estes realizem atividades produtivas e cuidem dos recursos naturais dispostos em suas propriedades, de modo que haja a preservação ambiental dessas áreas. Ademais, é necessário, em segunda instância, que o Ministério da Cultura reconheça as manifestações religiosas e artísticas desses indivíduos como patrimônio histórico-cultural, por intermédio de campanhas midiáticas e presenciais, com o fito de os integrar no país. Desse modo, o privilégio dado aos índios não será restrito apenas ao século XX, mas se tornará uma realidade nacional.