Materiais:
Enviada em: 13/07/2018

A obra "O princípio da responsabilidade", escrita pelo filósofo alemão Hans Jonas, calcava-se na ideia de que os seres futuros exigem eticamente compromisso daqueles que os gerarão. Contudo, a postura dos cidadãos brasileiros frente a sua relação com sua nacionalidade, configura-se como um grande obstáculo para a concretização desses preceitos, uma vez que, hodiernamente, vigora o sentimento de inferioridade nos cidadãos brasileiros, que expressam frustração e ódio com a sua própria cultura.   Mormente, é cabível pontuar que, a descrença aliada com o sentimento de insatisfação com o rumo do país constituem-se como causas preponderantes desse impasse. Lamentavelmente, impera entre os cidadãos brasileiros uma impressão generalizada de desonestidade, corroborada por fatores como a corrupção, o que leva a sensação de impunidade e um consequente descontentamento da população. Outrossim, muitos atribuem tais aspectos negativos à miscigenação e à cultura brasileira, concedendo-lhes, erroneamente, a culpa pelos problemas enfrentados no Brasil atualmente, de modo a depreciar ainda mais os símbolos nacionais.   Sob esse viés, a obra ''O triste fim de Policarpo Quaresma'', de Lima Barreto, expõe, por meio do nacionalismo e patriotismo exacerbado do personagem principal, um sentimento de negação da cultura estrangeira. Analogamente, o comportamento dos brasileiros nos dias atuais revela-se oposto aos pensamentos de Quaresma, haja vista que, no país, há um enaltecimento dos elementos europeus e estadunidenses em detrimento da cultura nacional, a exemplo da música e da indústria cinematográfica, em que não são valorizadas as produções de filmes brasileiros, assim como outras expressões culturais, como a bossa nova e samba, enquanto são exaltados os produtos de origem estrangeira.     Em virtude dos fatos mencionados, depreende-se que a problemática urge por medidas interventoras. Destarte, é dever das instituições de ensino a implementação de projetos que apresentem a cultura nacional, através de palestras, discussões e debates sobre obras como a de Lima Barreto, além de atividades lúdicas que integrem os alunos a elementos da identidade brasileira - uma vez que ações coletivas têm imenso poder transformador sobre os indivíduos - com o fito de valorizar estas expressões nacionais. Paralelamente, cabe ao Ministério da Cultura o incentivo a produções cinematográficas no país, através do estabelecimento de um limite mínimo destes filmes nos cinemas, a fim de  mitigar o detrimento desta cultura em relação às estrangeiras. Apenas assim chegar-se-á a um futuro tal qual idealizado por Hans Jonas, em que garantiremos uma sociedade justa e orgulhosa pela sua nação.