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Enviada em: 02/06/2017

O anti-ufanismo     O Brasil, embora seja um país de grandes riquezas naturais e tenha uma boa reputação no exterior, sofre com o chamado complexo de vira-latas. A expressão, criada pelo escritor Nelson Rodrigues, demonstra a falta de autoestima do povo brasileiro. Isso se dá por conta do forte cenário de corrupção e da mídia que cria um ufanismo seletivo.     É indiscutível que os escândalos de corrupção e as mazelas sócias do país contribuem para um complexo de inferioridade. Segundo Durkheim, o fato social é a maneira coletiva de uma sociedade agir e pensar. Analogamente, observa-se que o chamado complexo de vira-latas constitui um fato social, uma vez que grande parte dos brasileiros vê a corrupção como uma intensa marca do país, sendo somente culpa dos governantes e do âmbito político, sem atribuir para si a parcela de culpa no âmbito social. Assim, percebe-se que o pensamento do “jeitinho brasileiro”, já enraizado na sociedade, funciona como impulsionador do problema.      Outrossim, destaca-se a mídia seletiva como forte base para a problemática da relação do brasileiro com sua nacionalidade. O escritor Lima Barreto criou o personagem Policarpo Quaresma, um típico patriota, nacionalista e em constante busca por coisas verdadeiramente brasileiras. Nesse contexto, observa-se no habitante do Pindorama uma personalidade completamente oposta à do personagem de Barreto, com a busca por produtos, músicas e elementos culturais de outras nacionalidades, tal atitude é fortemente influenciada pela mídia, que só exalta o Brasil em eventos mundialmente importantes, como por exemplo, a Copa do Mundo. Dessa forma, vê-se que é preciso uma mídia mais ufanista como forma de combate ao complexo de inferioridade do povo.     Entende-se, portanto, que a má relação de grande parte dos brasileiros com sua nacionalidade se dá por um conjunto de fatores e não somente um isolado. Para atenuar o complexo de vira-lata que se vive, é preciso que o Governo Federal invista em mais elementos culturais do país, combata de forma mais ativa a corrupção e exalte as qualidades do Pindorama por meio de eventos tipicamente brasileiros, além de aplicar campanhas de abrangência nacional junto à mídia enaltecendo elementos e características positivas do Brasil, não somente em eventos importantes. Dessa forma, será possível um final feliz para Policarpo Quaresma e para todos os brasileiros.